Ao chegar em um restaurante de culinária japonesa, o cliente dificilmente verá talheres à mesa, tampouco encontrará uma mulher responsável pelo preparo de sushi. A explicação mais recorrente é que no Japão as mulheres eram proibidas de exercer a atividade por terem as mãos mais quentes – o que poderia interferir no sabor e preparo do peixe cru.
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O chef de cozinha Arnaldo Toro, que trabalha com culinária japonesa há 11 anos, tem outra explicação. Ele afirma que o motivo está no machismo da sociedade japonesa da Antiguidade que proibia as mulheres de trabalharem fora de casa. Toro explica que a participação feminina nas profissões ligadas à gastronomia ainda é pequena por ser um trabalho com carga horária exaustiva e que exige muita força física. A chef Priscila de Fátima Celestino, mais conhecida como chef Piti, trabalha há 15 anos como sushiwoman (feminino de sushiman) e garante que foi a primeira a exercer a atividade no Estado. Para ela, não há qualquer fundamentação teórica que impeça a atividade.
Clientes espantam-se ao ver quem está no comando
– Uma vez preparei sushi para o cônsul do Japão e mais 120 japoneses em Florianópolis e perguntei a ele sobre isso e ele me respondeu que na verdade é algo cultural do país – conta Piti, que já encontrou resistência por parte dos restaurantes, que não queriam contratá-la, e de muitos clientes que perguntavam o que ela estava fazendo ali.
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Atualmente muitas pessoas ainda se espantam ao vê-la no comando da cozinha do Ronin Temaki e Sushi, na Capital, mas a empresa a utiliza como forma de atrair mais clientes. Inclusive o nome da chef aparece no site da empresa. A sushiwoman afirma que ainda são poucas mulheres que atuam neste mercado, mas que a tendência é que esse número aumente.
Participação feminina vem crescendo
No último curso de sushi e sashimi promovido pela Universidade do Vale do Itajaí, as mulheres representaram 45% do público. A chef internacional Gabriela da Cunha Mendes, que ministra esses cursos, observa que há seis anos, em qualquer curso de gastronomia era comum os homens representarem a maioria da turma. Hoje há um equilíbrio. Apesar dos cursos, o consultor Arnaldo Toro diz que há falta de profissionais qualificados neste mercado, não apenas em Santa Catarina, mas em todo o Brasil.
– No Japão, o itamae (sushiman) leva cerca de 10 anos se preparando para entregar o produto final ao cliente. Aqui no Brasil é comum o profissional aprender um pouco da técnica com um amigo.
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A chef Piti confirma essa realidade. Segundo ela, muitos auxiliares, depois de pouco tempo de experiência, acreditam que podem abrir seu próprio negócio ou que estão preparados para assumir a cozinha. Além disso, a chef afirma que houve um boom de restaurantes de culinária japonesa em Florianópolis e cresceu a demanda por esses profissionais. Ela diz que quem quer seguir seus passos deve gostar do que faz, procurar cursos e atuar como auxiliar de cozinha para obter experiência. O esforço muitas vezes vale a pena. Um auxiliar de sushiman pode ganhar entre R$ 850 e R$ 1,5 mil. O sushiman ou a sushiwoman recebe de R$ 1,2 mil a até R$ 5 mil, dependendo da qualificação.
::Fique por dentro
O que é o Sushi
Prato da culinária japonesa mais popular em todo o mundo, o sushi ganhou maior destaque no Japão por volta do ano 676, quando o consumo de carne e leite foi proibido pelos preceitos budistas.
O bolinho de arroz temperado com vinagre, sal e açúcar, combinado com peixes ou verduras, tem como ancestral uma receita chinesa que era na verdade um método de conservação de peixes através da fermentação. Existem várias maneiras de se preparar e servir o sushi.
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Algumas receitas são tradicionais e conservam sua autenticidade, mas outras foram adaptadas para satisfazer o paladar dos ocidentais, utilizando ingredientes como maionese, cream cheese, frutas e frituras.
::Como é o profissional
Os chefs de sushi são conhecidos como itamae, no Japão, e lá demoram de 10 a 15 anos para aprender a arte de preparar o sushi, dominar o cozimento do arroz, as técnicas de corte, além de aprender tudo sobre peixes.
O sushiman (como é conhecido no Brasil) deve ser cuidadoso com o preparo e treinado, pois lida com alimentos com alto risco de contaminação.
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Ele precisa ter muita prática, pois os sushis devem ser preparados rapidamente para que os ingredientes não tenham seu sabor alterado.
Fonte: Arnaldo Toro, chef de cozinha e especialista em culinária japonesa
::Cursos na área
Curso de Extensão de Sushi e Sashimi
Local: Univali – Balneário Camboriú
Data: 21 de setembro
Horário: Das 09h às 17h
Valor: R$ 225 (alunos e egressos da Univali têm 10% de desconto)
Inscrições: até 18 de setembro
Informações: www.univali.br
Curso sushi e sashimi
Local: Senac Florianópolis
Data: 9 de setembro a 13 de setembro
Horário: 18h30 às 22h30
Valor: R$ 420
Informações: www.sc.senac.br
Curso avançado sushi e sashimi
Local: Senac Florianópolis
Data: 9 de dezembro a 12 de dezembro
Horário: 18h30 às 22h30
Valor: R$ 395
Informações: www.sc.senac.br
Curso sushi e sashimi
Local: Senac Joinville
Data: 7 de outubro a 10 de outubro
Horário: 14h30 às 17h30 e outra turma das 19h às 22h
Valor: R$ 420
Informações: www.sc.senac.br