O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes um pedido de investigação contra o reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Marcelo Recktenvald, de Chapecó, no inquérito das fake news.
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A petição foi protocolada pela Seção Sindical dos Docentes da UFFS (Sinduffs). Segundo o pedido, o reitor teria cometido crimes contra a honra de ministros do STF, e também contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Uma das manifestações do reitor Marcelo Recktenvald que motivou a petição foi uma postagem no Twitter em que ele sugeriu o fechamento do STF. O reitor escreveu que “Um cabo e um soldado resolveriam essa questão. Tenho a impressão de que nossas instituições estão perdidas”.
A publicação de Marcelo Recktenvald foi feita em 27 de maio, em resposta a uma postagem do presidente Jair Bolsonaro. O presidente fazia críticas a uma ação da Polícia Federal, determinada pelo STF e realizada naquele dia, que teve como alvos suspeitos de financiarem e apoiarem uma suposta rede de fake news contra autoridades. Um dos alvos foi empresário catarinense Luciano Hang.

A frase postada pelo reitor é uma referência direta à declaração feita pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, em 2018. Ele afirmou na época que “Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo”.
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Em resposta enviada ao Diário Catarinense no começo da tarde desta terça-feira (23), o reitor Marcelo Recktenvald disse que “está com a consciência limpa”, que “jamais ofendeu as instâncias democráticas”, e afirmou que a “petição incriminatória” tem como objetivo uma “perseguição” contra ele.
O reitor também negou que tenha sugerido o fechamento do STF com a frase “Um cabo e um soldado resolveriam essa questão.”
– Sempre defendi as instituições democráticas e nunca fui favorável ao fechamento do STF. Estou com a consciência limpa pois jamais falei em “intervenção militar” ou em restringir o papel do STF – declarou.
Nomeação polêmica
Marcelo Recktenvald foi nomeado reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em setembro de 2019 pelo então ministro da Educação Abraham Weintraub. A nomeação gerou críticas da comunidade acadêmica porque ele havia sido o terceiro colocado na eleição para o cargo.
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Um movimento ocupou a reitoria por três semanas, impedindo a entrada do novo reitor. Só houve a desocupação após intervenção da Justiça e o Conselho Universitário convocar uma sessão especial de destituição.
O pedido de destituição de Marcelo Recktenvald foi apreciado pelo Conselho Universitário, e aprovado por 35 conselheiros, com 12 votos contrários e duas abstenções. O reitor, no entanto, não respeitou a decisão, alegando, entre outras coisas, que não houve o quórum necessário. O caso foi levado à Justiça Federal, que analisa o mérito das alegações do reitor. Enquanto isso, ele permanece no cargo.