O Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou o inquérito que investigava o suposto repasse de R$ 500 mil da Odebrecht para a campanha de Napoleão Bernardes (PSDB) a prefeito de Blumenau em 2012, que teriam sido intermediados pelo senador Dalírio Beber (PSDB). A ministra Rosa Weber, relatora do caso no STF, determinou o arquivamento do caso nesta segunda-feira.

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Em setembro, conforme informações do colunista Upiara Boschi, a procuradora-geral analisou as investigações feitas pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e os depoimentos dos delatores Fernando Reis e Paulo Welzel, ex-executivos da empreiteira, e dos políticos envolvidos. Ela entendeu que não havia provas de que a campanha tucana tivesse sido beneficiada pela Odebrecht. De acordo com Dodge, "é forçoso reconhecer que a apuração não tem mais perspectiva de conclusão no sentido da hipótese criminosa inicial" e que as declarações de Reis e Welzel "restaram isoladas".

A investigação havia iniciado em março de 2017, quando os nomes dos tucanos foram incluídos na chamada lista de Rodrigo Janot, então procurador-geral que determinava a investigação das relações da empreiteira e políticos com abertura de 83 inquéritos.

Em março deste ano, a relatora do caso no STF, a ministra Rosa Weber, havia determinado que o caso fosse analisado pela Justiça na Comarca de Blumenau, por entender que não cabia aplicação de foro privilegiado a qual Dalírio Beber tem direito porque o caso investigado era anterior ao mandato do tucano como senador. A questão voltou para a Procuradoria-Geral da República porque Beber pediu reconsideração da decisão de Rosa Weber e pleiteou o arquivamento.

– Ratifico a nota que publiquei na época, em que dizia que queria que tudo fosse apurado. Estava absolutamente tranquilo, embora tenha-se criado um constrangimento para mim, para família, para amigos e para todos que me conhecem, até por conta do mandato que exerço. Sempre quis que as coisas fossem apuradas. Esse tempo passou, foi um longo período, mas felizmente essa decisão restabelece a verdade, já que não pratiquei nenhum ato ilícito – defende o senador tucano.

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À reportagem, o ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, disse que "a justiça foi feita" e que "a página dessa grande injustiça está virada":

– Só lamento que os danos à minha honra e a de minha família, fruto desta acusação sem nenhum fundamento, como reconhecido pelo judiciário, jamais serão reparados.

Além dos tucanos, os deputados Décio Lima (PT) e Ana Paula Lima (PT) são investigados em inquérito similar, que tem como relatora a ministra Carmen Lúcia. A última movimentação registrada no sistema do STF foi em outubro. Outro candidato a prefeito de Blumenau à época, o deputado estadual Jean Kuhlmann (PSD), também é investigado pela Justiça e teve o inquérito remetido ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em Porto Alegre.