Dois meses após vencerem a terceira edição da Jornada de Empreendedorismo, Desenvolvimento e Inovação (JEDI), duas startups joinvilenses estão em processo de desenvolvimento dos projetos premiados no evento, que tinha como objetivo a criação de soluções nas áreas de mobilidade e logística. Cada um dos projetos recebeu apoio financeiro de R$ 15 mil, além de incubação gratuita, uso de coworking e acesso a uma rede de mentores e networking com empresas, investidores e universidades da região.
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Uma das duas vencedoras foi a JC Flux, que nasceu durante o JEDI. Diante dos problemas apresentados durante o evento, os integrantes da equipe identificaram um serviço que pode ajudar a agilizar em até 75% a liberação de cargas nas transportadoras, permitindo que as viagens aconteçam mais cedo. Segundo um dos sócios da startup, Cristiano Baldissera, hoje os motoristas que fazem as coletas de cargas nas indústrias têm o material liberado apenas no final da tarde na transportadora.
— Com o nosso serviço, eu consigo liberar tudo no ato da coleta porque todos os trâmites já estarão realizados quando o motorista chegar. O motorista vai usar o Whatsapp para mandar uma foto da chave de acesso do código de barras para a nossa conta comercial e com isso já vamos agilizar todo o processo — explica.
Cristiano conta que ao chegar na transportadora no final do dia, ainda é necessário fazer as etiquetas e vincular aos volumes recebidos. Como as cargas geralmente já foram retiradas dos caminhões, também se perde tempo ao procurar o volume equivalente às etiquetas. A solução criada pela JC Flux faz com que o trâmite seja agilizado e o material possa ser retirado do caminhão já recebendo a etiqueta.

Negociação para primeiro cliente
Os outros dois sócios da startup, Joice Jaini Baumann e Marco Antunes, ao lado de Cristiano, fizeram um teste da solução com uma transportadora durante o JEDI. Agora, eles já estão em negociação para que essa empresa com filial em Guaramirim e outras seis filiais pelo país seja o primeiro cliente da JC Flux. Em paralelo, o segundo produto também já está em fase de estudos. A ideia é atuar na confirmação das entregas realizadas pela transportadora.
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O JEDI nasceu de uma iniciativa do Join.valle, Conselho Municipal de Ciência Tecnologia e Inovação (Comciti) e Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável (Sepud) de Joinville. A motivação foi o baixo número de startups criadas anualmente na cidade – cerca de 20 a 25, segundo estimativa da Sepud. A primeira edição teve como objetivo soluções na área da saúde e a segunda foi destinada à inovações para educação. A última do ano está marcada para o fim deste mês, com o tema manufatura avançada e indústria 4.0.

Soluções para logística reversa e reciclagem
A outra startup vencedora do JEDI foi a Reciclaí, que trabalha com logística reversa e reciclagem. Uma lei federal determina que as empresas que colocam embalagens no mercado são obrigadas a comprovar a reciclagem de 22% de tudo que produzem em um ano. A solução dos joinvilenses é fazer a ligação entre as empresas e as cooperativas de reciclagem para que as exigências sejam cumpridas.
Um dos sócios da startup, Everton Luiz Boing da Costa, explica que a empresa que envia plástico para o mercado, por exemplo, precisa fazer a reciclagem do mesmo material, mas não necessariamente do seu próprio. Ou seja, ela pode pagar uma cooperativa pela reciclagem de uma determinada quantidade de materiais para cumprir as regras previstas na lei.
— Estamos desenvolvendo uma plataforma em que as empresas entrariam em contato conosco precisando comprar uma tonelada de material reciclado, por exemplo. Nós entraríamos em contato com a recicladora para conseguir essa quantidade. A cada dez quilos de matéria reciclável é gerado um token, que teria um preço. Esse valor seria dividido entre nossa startup e a cooperativa — exemplifica.
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Projeto em desenvolvimento
A Reciclaí está em processo de criação da plataforma. A equipe começou com sete pessoas durante o JEDI, mas duas saíram do projeto. Os integrantes agora estão visitando empresas e cooperativas para entender a realidade e como poderiam auxiliar com esse projeto. A maior dificuldade encontrada pela equipe é usar a tecnologia para administrar esse crédito e comprovar que o mesmo material reciclado não seja vendido mais de uma vez.
— A gente sente que é um problema real das empresas e como a questão ambiental é um problema global. Queremos começar com um ponto para depois abraçar toda a cadeia. O principal ponto é a educação populacional para fazer o descarte correr e mudar o panorama, mas também queremos fazer um trabalho humanizado com as cooperativas — explica Everton.
Uma outra ideia do projeto é espalhar pontos de coleta pela cidade, em que a população possa depositar os resíduos. Esse material seria disponibilizado também como crédito para as empresas, com a possibilidade futuramente das pessoas também serem bonificadas pelo descarte correto dos resíduos.