Em tempos de coronavírus, nos acostumamos a ficar em casa. Palavras como “quarentena” e “isolamento”, antes tabus, agora fazem parte da nossa rotina. E o “home office”, objeto de desejo de toda empresa, se tornou obrigação. Mas para quem tem alguma deficiência auditiva, uma simples videoconferência pode se tornar ainda mais desafiadora. Pensando nisso, a Signa, startup catarinense para capacitação de surdos, criou um manual de home office para esse público.

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“A grande motivação foi a migração das empresas para o trabalho remoto e a percepção de que essas organizações, diante de tantos desafios, precisam de ajuda para entender como lidar com a inclusão no trabalho remoto com funcionários surdos”, diz Fabíola Borba, cofundadora da empresa. O e-book está estruturado em 17 tópicos, que vão desde aspectos básicos, como comunicação visual, opções de escrita e evitar sobreposições de fala (o famoso zum-zum-zum nas reuniões) até tópicos mais avançados como a capacitação em Libras (língua brasileira de sinais) de colaboradores e o uso de intérpretes.

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Aliás, muitas dessas dicas podem – e devem – ser usadas pelo público em geral.

“O legal é que ações implementadas pela motivação da inclusão com uma pessoa surda afetam positivamente toda a equipe. As pessoas aprendem a esperar a sua vez de falar, se expressar mais claramente e agregar mais informação, a ansiedade diminui uma vez que estamos em uma reunião com regras e organização, a empatia e a conexão entre o time aumentam, uma vez que todos agem em prol de um bem comum”, explica Fabíola.

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E se o home office é um risco para as empresas em geral – já que falhas de comunicação podem resultar em processos pela metade e resultados insatisfatórios -, para as pessoas o resultado pode ser a sensação de isolamento, de exclusão, a solidão e, por fim, a depressão. Vale lembrar que, além do trabalho remoto, vivemos sob isolamento social. Ainda segundo Fabíola, são grandes as chances de que os surdos recebam informação pela metade – ou mesmo nenhuma informação – durante o processo.

Fabíola lembra ainda que muitos surdos têm dificuldade com a língua portuguesa – pois uma grande parte deles não são alfabetizados com uma metodologias adequada. Por isso, ao adotar a língua escrita, é preciso evitar figuras de linguagem, palavras ambíguas e separar ideias em frases curtas. Outro recurso importante é o uso de intérprete de Libras. Para isso, é importante fazer um alinhamento prévio sobre a empresa, os assuntos, e criar o hábito de se identificar sempre antes de falar, para que o intérprete possa repassar para o surdo quem está falando.

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Intérprete

Os intérpretes seguem a tabela da FEBRAPILS, que estipula o valor mínimo de R$ 120,00 por hora, por intérprete. Em reuniões com mais de 1h é necessário a presença de dois intérpretes para acontecer o revezamento e o apoio na interpretação e garantir a mesma qualidade da informação. É possível também fazer um pacote de horas com uma negociação de valores.

Apoio emocional

Para os deficientes auditivos, o CVV (Centro de Valorização da Vida) tem atendimento por chat e por e-mail. Para o caso do surdo precisar de atendimento em libras, uma boa opção é usar o app ICOM, que oferece ajuda de intérpretes. Eles podem fazer a ligação e ajuda na conversa. O serviço é gratuito e se aplica para qualquer tipo de telefonema que o surdo necessita fazer.

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E-book: 17 dicas para o home office com surdos: