Inventem uma medalha para este homem. Quarto lugar o arremesso de peso das Olimpíadas de Tóquio, o catarinense Darlan Romani pode até não ter subido no pódio, mas foi capaz de conquistar o coração dos brasileiros.

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Com declarações amorosas direcionadas à esposa e à filha, o atleta natural de Concórdia era sinônimo de fofura sempre que aparecia em frente às câmeras. O “Senhor Incrível” — por uma suposta semelhança com o personagem da Disney/Pixar — emocionou por expor as dificuldades e por sempre agradecer à família pelo apoio.

— Posso mandar um “parabéns” para a minha esposa? “Tá” on-line ainda? — perguntou durante entrevista ao SporTV após a classificatória.

Ao saber que ainda estava ao vivo, Romani mandou um recado naquela que foi a primeira declaração graciosa e que encantou a internet:

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— Meu amor, feliz aniversário, Deus te abençoe grandemente, cada vez mais, obrigado por ser minha companheira. Filha, meu amor, papai te ama… Nosso coraçãozinho de sempre. Amo vocês — disse Darlan entrelaçando o indicador e o polegar, em gesto chamado carinhosamente de “coração com os dedos”.

Darlan Romani com a filha Alice, homenageada com o
Darlan Romani com a filha Alice, homenageada com o “coração com os dedos”. (Foto: CBAt, Reprodução)

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Não faltaram obstáculos para Darlan Romani. Durante a pandemia, para respeitar a quarentena e o isolamento social, precisou improvisar um local para treinamentos na cidade onde mora, Bragança Paulista (SP).

Em um terreno baldio e com o apoio de um pedreiro, fez um espaço para treinar. Era um contraste: vindo em um ciclo olímpico intenso, o atleta de alto rendimento saiu das modernas estruturas para um local “gambiarra”.

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E tem mais: o treinador de Darlan, o cubano Justo Navarro, precisou voltar à terra natal por conta da Covid-19 e não conseguiu mais voltar. Sem o olhar técnico, o atleta de Concórdia treinou às escuras. Para piorar, desenvolveu uma hérnia de disco, passou por cirurgia e ficou quase dois meses parado até a plena recuperação — além do meio ano sem competir em alto nível.

Pensa que acabou? Que nada. Romani ainda foi diagnosticado com Covid-19, perdeu 10 quilos e viu mãe e irmão serem internados em estado grave com a doença em leitos de UTI. Ambos sobreviveram.

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Mesmo com todos esses contratempos, Darlan foi para as Olimpíadas e conquistou na madrugada desta quinta-feira (5) um histórico quarto lugar no arremesso de peso, beliscando o pódio — foi a melhor marca brasileira na modalidade. Ele atingiu a marca de 21,88 metros em uma final marcada por recorde olímpico. 

Depois da prova, lá veio o Senhor Incrível novamente. E dessa vez com um recado para 2024:

— Em março do ano passado eu vinha treinando muito forte, veio a pandemia, tudo que aconteceu, minha cirurgia, Covid, enfim… É difícil falar. Mais uma vez eu sou quarto, mas não quero mais isso para a minha vida. Tenho um novo ciclo, mais curto, de três anos, mas tenha certeza que eu estou voltando para o Brasil e se eu dava 200%, agora vou dar 300% para subirmos no pódio — disse, às lágrimas, em entrevista ao SporTV.

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Agora, Romani volta as atenções para Paris-2024.

Sem lesões, sem cirurgias, sem Covid-19, com condições para treinar, onde ele pode chegar?

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