Em greve há seis dias por atraso no pagamento dos salários referentes a novembro, funcionários do Hospital Regional de Araranguá esperavam uma resposta positiva da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Responsável pela gestão da hospital, a organização social enviou o superintendente do Programa de Atenção Integral à Saúde, Mário Monteiro, para conversar com o sindicato, mas ele não apresentou nenhuma data para fazer o pagamento da folha.
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No início da tarde desta sexta-feira, as duas partes realizaram uma reunião fechada, sem a presença da imprensa. No encontro, Mário Monteiro apresentou a situação financeira da unidade de saúde, que além de falta de recursos para quitar a folha líquida no valor de R$ 1,7 milhão, também possui um débito de R$ 5 milhões com fornecedores e prestadores de serviço.
— Hoje nós estamos sem condições financeiras do hospital operar. Pedimos antecipação do pagamento ao Estado, como foi feito no mês anterior para resolver a situação dos salários, mas por enquanto não tivemos nenhuma posição — disse Monteiro.
O superintendente, que também é responsável pelo gerenciamento do Hospital Regional de Araranguá, confirma que os repasses da Secretaria de Estado de Saúde no valor de R$ 3,5 milhões mensais estão em dia, porém alega que foram os sucessivos atrasos que fizeram com que o hospital entrasse em desequilíbrio financeiro. A judicialização de ações também contribuiu para o problema se agravar.
— Em quatro anos fomos absorvendo despesas como o dissídio dos trabalhadores, a própria inflação, o custo dos insumos e medicamentos que aumentou mais de 20% no ano passado, entre outros fatores — disse.
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Sem a previsão de pagamento da folha, a greve continua por tempo indeterminado, explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde de Criciúma e Região (Sindisaúde), João Martins Estevam. Ele explica que a escala para manter o atendimento mínimo determinado por lei tem sido cumprida pelos 525 funcionários, mas que a adesão à greve é total.
— Eles alegam que não têm dinheiro para pagar a folha de novembro. Já questionamos sobre a segunda parcela do 13º e eles também dizem que a situação é a mesma, não tem previsão. As férias que estavam previstas, não assinadas, mas já com escala e trabalhadores avisados, também foram canceladas por causa de toda dessa situação — disse Estevam.
Na manhã desta sexta-feira, dezenas de funcionários protestaram no centro da cidade. Segundo o sindicato, algumas famílias já estão sofrendo com a falta de alimentos, e por isso foi organizado o recolhimento de cestas básicas para doação. Estevam reforça ainda que os funcionários trabalharam e fizeram sua parte, porém sem salário. Eles têm sofrido com o atraso e por consequência não conseguem cumprir com compromissos financeiros. Uma nova manifestação está marcada para o final da tarde de hoje.