O governo de São Paulo analisa três casos de suspeita de contaminação por dengue em transfusões de sangue. Segundo informações apuradas pelo g1, um dos pacientes registrou dengue transfusional no primeiro semestre deste ano, quando passou por um procedimento. Ele não teve o quadro grave da infecção. Outro suspeito é de um paciente que tratava câncer e estava internado. Ele morreu.

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Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que profissionais de saúde devem estar atentos a pacientes com quadros febris, náusea/vômitos, dor de cabeça, entre outros sintomas até 15 dias após a transfusão de sangue ou transplante.

Em julho, o Estado emitiu uma nota normativa com orientações aos bancos de sangue para verificação de sintomas aos doadores. A nota é assinada pela secretaria de Saúde, Fundação Pró-Sangue, Hemorrede e Central de Transplantes.

“Todos os casos suspeitos de transmissão via transfusional ou via transplante devem ser notificados imediatamente para os serviços de vigilância em saúde e para o banco de sangue que forneceu o hemocomponente, para avaliação e investigação do caso e do doador”, diz a nota.

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Novo método de testagem em avaliação

O Ministério da Saúde analisa uma recomendação de cientistas e pesquisadores brasileiros para a inclusão de novos testes que rastreiam a dengue e outros vírus da família flavivírus no sangue de doadores no país. Atualmente, o Brasil testa o material doado para Hepatite B e C, Sífilis, doença de Chagas, vírus HTLV I e I, HIV e Malária.

Morte de motorista

Silvio Soares, um motorista de ônibus de 44 anos, morreu com dengue enquanto estava internado em tratamento de remissão do câncer em um complexo hospitalar na capital paulista. A suspeita é que ele tenha recebido hemocomponentes — “produtos” derivados do sangue doado — contaminados com o vírus.

Silvio Soares tratava mieloma múltiplo, um tipo de câncer da medula óssea. Na certidão de óbito dele constam edema no pulmão, o câncer e dengue como causas da morte.

g1 apurou que o paciente fez um transplante de medula óssea, estava em remissão da doença e precisou de hemocomponentes. Silvio tratava o câncer desde outubro do ano passado quando teve o diagnóstico após sentir dores na coluna.

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No caso de Silvio, a dengue foi identificada após rastreamento de bolsas de sangue, onde foi constatado que um dos doadores do material usado teve dengue no período. Contudo, o caso dele ainda é considerado suspeito sobre a doença ter sido transmitida por meio da transfusão.

Cuidados na doação em SP

O Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado informou que os doadores de sangue ou órgãos infectados com o vírus da dengue podem não estar com sintomas no momento da doação. Segundo o CVE, os profissionais de saúde “devem estar atentos aos doadores que apresentam quadros febris, náusea/vômitos, dor de cabeça” até 15 dias após a transfusão de sangue ou transplante.  

Por nota, a Secretaria Municipal da Saúde disse que não foi notificada sobre os três casos apurados em São Paulo.

O Ministério da Saúde ressaltou que os doadores contaminados pela dengue são considerados inaptos por 30 dias após a recuperação clínica completa.

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Quem teve dengue hemorrágica só pode doar sangue seis meses após estar totalmente assintomático. Além disso, quem teve contato sexual com pessoas que apresentaram diagnóstico nos últimos 30 dias deverão ser considerados inaptos pelo período de 30 dias, bem como os que fizeram uso de vacinas para dengue deverão aguardar o mês período de um mês.

Veja nota da Secretaria da Saúde

“A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo ressalta que os profissionais de saúde devem estar atentos aos pacientes que apresentam quadros febris, náusea/vômitos, dor de cabeça, entre outros sintomas, até 15 dias após a transfusão de sangue ou transplante. São Paulo emitiu, em julho deste ano, uma nota normativa conjunta com entidades como a Fundação Pró-Sangue, Hemorrede e Central de Transplantes, com orientações aos bancos de sangue quanto a verificação de sintomas aos doadores, mas informando também que infectados com o vírus da dengue podem não apresentar sintomas no momento da doação, mas estar em período de viremia. Assim, todos os casos suspeitos de transmissão via transfusional ou via transplante devem ser notificados imediatamente para os serviços de vigilância em saúde e para o banco de sangue que forneceu o hemocomponente, para avaliação e investigação do caso e do doador.

Neste ano, foram notificados três casos prováveis, de transmissão do vírus da dengue por meio de transfusões de hemocomponentes e/ou transplante de órgãos, na capital paulista.”

Veja nota do Ministério da Saúde

“A recomendação da Fiocruz, da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue, da Sociedade Brasileira de Imunizações e da Anvisa para a adoção de um novo método de rastreamento de dengue e outros flavivírus no sangue de doadores foi recebida pelo Ministério da Saúde e será devidamente analisada.

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A incorporação de novas tecnologias ao SUS segue um processo definido pela CONITEC, que inclui a análise de evidências científicas robustas e a avaliação da viabilidade técnica e financeira.

Além disso, a proposta também passará por análise de Bio-Manguinhos, responsável pelos testes moleculares atualmente fornecidos pelo Ministério da Saúde para a Rede de Serviços de Hemoterapia. Dada a complexidade da medida, ainda não há um prazo definido para a conclusão dessa avaliação e tomada de decisão.”

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