A porta está sempre aberta para a freguesia. A cadeira, quando vazia, pode ser ocupada sem cerimônias. Para os clientes conhecidos, o cabeleireiro e barbeiro José Rodrigues de Souza, ou Souza, como é chamado, já sabe bem o que fazer. Então o papo já entra sobre o cotidiano mesmo.

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– Aqui é igual a rádio: se tem notícia nova, tô por dentro. Acho que sei das coisas antes do governo.

O ponto onde Souza trabalha é num prédio na esquina das ruas Paraíba e Concórdia, perto da rodoviária de Joinville. Está no bairro Atiradores há 11 anos. Antes, trabalhou como funcionário de salões de beleza no Centro da cidade. Chegou em Joinville em 1992, vindo de São Paulo.

– Tinha um irmão aqui. Gostei da cidade e fui selecionado para trabalhar num salão. Aí fi quei – recorda.

A escolha da profissão surgiu porque ele apreciava essa tarefa de trabalhar com a vaidade dos outros. Tinha 20 anos e era funcionário de uma metalúrgica na capital paulista. Um dia, resolveu fazer o curso.

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– Vi que tinha muita mulher e falei: ?é aqui que vou me dar bem? – ri.

A freguesia conquistada garantiu a ele uma boa clientela. Possui cerca de 300 clientes que considera fiéis. Para fazer a barba ou o cabelo, aparecem pessoas de todos os cantos da cidade. Os dias de bom movimento geralmente são no começo do mês, perto do pagamento do salário.

Souza sempre conta com alguma ajudante especializada na área de manicure e também nos cortes. Geralmente é uma mulher, que atende às mulheres. Mas na maior parte do tempo, Souza atende sozinho. O movimento maior é de homens, mas também há senhoras que entram no salão para pintar o cabelo ou fazer alguns cortes. Souza gosta de trabalhar com calma. Embora tenha agilidade nas mãos para fazer rapidamente o que cliente pede, diz que o melhor corte sai quando tem tempo para o serviço.

– Quando o trabalho não fi ca do jeito que o freguês quer, o cliente não vai dizer que estava apressado. Vai reclamar do cabeleireiro. A melhor propaganda é sempre fazer um serviço bem feito – comenta.