O fogo aceso parece sustentar a panela com sua chama azulzíssima. Alho e cebola são refogados no azeite e não é preciso nada além disso para tocar o olfato de quem se aproxima. “Que cheiro bom”, e nem fora colocado o ingrediente principal. Na tábua, os cortes e as cores vão incrementar a receita que logo mais será servida pelo cozinheiro, seus olhos recairão sobre as expressões dos convidados à espera de reações. Os olhos vão brilhar, as sobrancelhas serão erguidas e as bocas emitirão um “hummmm” de quem saliva só de olhar.
Continua depois da publicidade
Leia as últimas notícias de Joinville e região
Cozinhar é uma arte e um deleite. Sempre foi. Hoje, com a onda masterchef (que gosto muito) e os mais diversos programas de culinária, acender o fogo ganhou status. Assistir a tais programas é quase um curso. Tenho aprendido muitos truques de cozinha, seja com chefs conceituados ou com apresentadores dos velhos programas feitos para a dona de casa, a dona Maria, como os feirantes gostam de gritar. Já andei comprando facas específicas e passei a chamar tigelas arredondadas de bowl. Passei a usar umas ervas que sequer supunha existir dois anos atrás, mas não chegarei a chef. Cozinho como vi minha mãe cozinhar, com técnicas caseiras, aprendidas de olhar e de fazer. Ao contrário do caminho da alta gastronomia dos chefs, da criação de pratos, prefiro dedicar-me ao corte dos ingredientes, a seguir uma receita já inventada, a usar os velhos truques de família.
Cozinhar vai além de preparar o alimento e sentar-se para comer. Cozinhar é reunir amigos e a família, conversar amenidades e trocar experiências. Cozinhar é colocar um tanto de sentimento, é dedicar tempo e atenção, é fazer afago no paladar do próximo. Ando pensando em cultivar horta, tenho pesquisado novas ervas, tenho imaginado sabores e isso leva-me em pensamento às feiras de São Paulo, com produtos frescos, burburinho de conversa e pechinchas, com o grito inconfundível de “pode levar, dona Maria”.
Por mais que eu aprecie a onda masterchef e assista interessado a programas de culinária, por mais que eu saiba, porque aprendi na TV, o nome daquele avental bacana dos chefs, serei sempre um “dona Maria”.
Continua depois da publicidade