Joinville, a maior cidade catarinense, com cerca de 590 mil moradores e 403 mil eleitores, vive o segundo turno das eleições num momento em que a pandemia está em aceleração. Desde que a região passou de risco grave para gravíssimo na matriz do governo do Estado, a população foi chamada a fazer a parte que lhe cabe para impedir o avanço do coronavírus e baixar os números. 

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Foi o que fez a eleitora Simone konell, a qual compareceu ao local de votação usando máscara e luvas, e carregando na bolsa gel e caneta:

— A situação está muito complicada no município. Eu sou hipertensa e me incluo no chamado grupo de risco, mas também quis comparecer para votar — explicou a técnica de enfermagem que trabalha no Incor, o Instituto do Coração.

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Ainda na Faculdade CNEC Joinville, outro exemplo de preocupação com a saúde foi dado pela assistente social Shirley Barbosa da Silva. A mesária do Tribunal Regional Eleitoral distribuía gel para os eleitores que chegavam na porta da Seção 082:

— Prefiro conversar com a pessoa e oferecer o gel do que simplesmente deixar o frasco na mesa, pois as pessoas nem sempre se dão conta. Isso ocorre, principalmente, com os mais idosos — explicou.

A assistente social Shirley Barbosa da Silva foi mesária na votação em Joinville.
A assistente social Shirley Barbosa da Silva foi mesária na votação em Joinville. (Foto: Diorgenes Pandini / NSC Total)

Mas nem todos deram bom exemplo. A chegada do segundo turno repetiu um problema verificado na votação de 15 de novembro. A Justiça Eleitoral não conseguiu esclarecer sobre a obrigatoriedade ou não dos protetores faciais, os face shield. A confusão pode ser identificada em diferentes locais de votação: enquanto alguns mesários usavam os protetores faciais, outros deixavam os equipamentos sobre mesas. 

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De uma coisa ninguém pode reclamar: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encaminhou os equipamentos e o TRE fez a distribuição. “O uso é opcional”, disse um funcionário do TRE. Numa outra seção, na mesma escola, a resposta: “É obrigatório”.

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“A gente se sente importante em poder decidir quem quer na prefeitura”

Enquanto isso, o eleitor Claudiomiro Alves de Ramos, 40 anos, também se dizia preocupado com a pandemia. Para ele, a situação no lugar onde mora, a comunidade do Morro do Amaral, na área rural ao sul de Joinville, torna a situação um pouco menos perigosa por reunir poucas pessoas:

Claudiomiro Alves de Ramos, 40 anos, diz que gosta de votar.
Claudiomiro Alves de Ramos, 40 anos, diz que gosta de votar. (Foto: Diorgenes Pandini / NSC Total)

— Eu vim caminhando ali de casa até aqui. Mesmo assim com máscara e tomando cuidado para não fazer ajuntamento — disse, enquanto recebia gel nas mãos oferecido por uma funcionária na Escola Municipal Professor Reinaldo Pedro de França.

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Claudiomiro, que explica ter recebido este nome em homenagem ao jogador do Internacional de Porto Alegre, da década de 70, e disse que gosta de votar:

— A gente se sente importante em poder decidir quem quer na prefeitura.

Mas aproveitou para dizer que, independentemente de quem vença, “é preciso um olhar para este lugar que é bonito, mas muito esquecido pelas autoridades”.

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“A política tinha que ser para os pequenos, para o povo simples”

Mesmo pensamento de Vicente Soares, 93 anos, um dos moradores mais antigos da Ilha do Morro do Amaral:

— Aqui não mudou nada desde que nos anos 1970 eu e outros abrimos esta estrada. Meu pai e tios foram os primeiros moradores deste lugar, e éramos pescadores, e o único caminho era para pegar lenha no mato.O dia da eleição não alterou a rotina de Soares, que passa as horas sentado na parada do ônibus olhando o movimento, acompanhado dos cachorros da casa.

Com 93 anos, Vicente Soares é um dos moradores mais antigos da Ilha do Morro do Amaral.
Com 93 anos, Vicente Soares é um dos moradores mais antigos da Ilha do Morro do Amaral. (Foto: Diorgenes Pandini / NSC Total)

Viúvo, pai de oito filhos e com mais de uma dezena de netos e bisnetos, ele que deixou de votar por causa da idade, diz que quanto menor o lugar, há menos ajuda para a comunidade:

— A política devia ouvir os pequenos, as pessoas simples, os pobres. Quem já tem, já tem. Esses não precisam mais de ajuda.

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