Jorginho Mello (PR) fez carreira dentro da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Em 1994, foi eleito para o primeiro mandato, assumindo uma cadeira na Casa em 1995. Conseguiu se reeleger por três vezes e, nas eleições de 2010, garantiu mandato de deputado federal. Em 2014, se reelegeu. Agora, chegou a flertar com a candidatura para governador, mas optou por concorrer pela primeira vez ao Senado Federal.
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Confira abaixo o que o candidato tem a falar na segunda de uma série de entrevistas com os candidatos catarinense ao Senado produzidas pelo Diário Catarinense.
Perfil
Nascimento e idade: 15/07/1956 | 62 anos
Naturalidade: Ibicaré (SC)
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Profissão: advogado
Escolaridade: superior
Carreira política: deputado estadual por quatro mandatos e deputado federal por dois mandatos
Vídeo: confira as principais propostas de Jorginho Mello, candidato ao Senado pela PR
O senhor atravessou a pré-campanha como postulante ao governo. Por que optou, no fim, por disputar ao Senado?
Eu pensei em Santa Catarina. A maioria dos políticos hoje pensa no projeto pessoal deles. Eu pensei por Santa Catarina. Fui por quatro mandatos deputado estadual, fui presidente da Assembleia, fui dois mandatos deputado federal e me achava preparado para ser governador, mas resolvi fazer esse projeto para ser projeto vencedor. Um projeto que coloque SC acima de tudo. Então, é por isso que sou candidato a senador da República.
A tentativa de reeleição na Câmara poderia ser considerada uma opção mais segura. Vale o risco?
Com certeza. Eu sempre gostei de desafios. Vou ser senador eleito por Santa Catarina, não tenho dúvidas disso porque as pessoas que estão postulando já foram senadores, já estiveram lá e não fizeram. Tem um que diz que não gostava de estar lá, que era um sacrifício. Eu não sei por que ele quer voltar, se tem algum problema jurídico. Tem que avisar que não tem mais imunidade. Até porque eu sou contra qualquer tipo de imunidade e privilégios. Isso tem que acabar. Esse negócio de ter cinco aposentadorias tem que acabar também, o povo não gosta disso. O povo não suporta mais isso. Então, é por causa disso que eu estou nesse projeto arrojado, mas não tenho dúvidas, com os pés no chão, que será um projeto vitorioso. Santa Catarina quer mais. Santa Catarina quer renovar e eu sou essa renovação. Eu nunca fui candidato ao Senado. Estou preparadíssimo para isso. Todo os meus mandatos me deram essa condição. Por isso que quero ser senador de Santa Catarina.
Se eleito senador, o que o senhor fará por SC que ainda não conseguiu fazer?
Quero ser um senador arrojado porque Santa Catarina não aceita essa água morna, essa conversa mole dos últimos tempos. O Senado precisa ter alguém com coragem, com trabalho prestado, que graças a Deus eu tenho, e para enfrentar as dificuldades nas áreas de saúde e de infraestrutura. É um Estado que produz e o governo federal não nos respeita, isso está provado. O orçamento desse ano tinha R$ 176 milhões para as rodovias federais e o governo simplesmente cortou R$ 100 milhões. Tivemos que lutar que nem leão para manter todas as obras funcionando, a BR-280, a BR-282, a BR-470. O acesso para a Ilha na BR-282 conseguimos licitar agora, um sacrifício muito grande, por R$ 26 milhões. Tentar atenuar um pouquinho, melhorar um pouquinho a mobilidade. Santa Catarina tem dificuldades grandes em diversos setores. A gente precisa atuar como senador que representa o Estado, com grandeza, com coragem e com dedicação. É isso que eu quero fazer.
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Qual será a principal bandeira do senhor se for eleito senador?
Quero ajudar o Brasil e o próximo presidente a fazer as reformas que o país precisa. Por exemplo, quanto ao Pacto Federativo, deixar mais dinheiro no município e menos dinheiro em Brasília, por que lá depois volta por caminhos não republicanos. Precisa ficar mais dinheiro onde acontece o problema, até porque a esposa do Luiz Henrique da Silveira é minha suplente, a dona Ivete, brigava muito por isso. Pacto Federativo, 65% fica para a União, 25% para o Estado e 10% no município. É muito pouco no município, temos que ter menos Brasília e mais município. Isso é um das bandeiras. Reforma tributária, nós temos que ajudar a fazer para sobrar mais dinheiro para quem quer empreender, para ter mais emprego. Não adianta reduzir o número de desempregados, que hoje são de 14 milhões, uma calamidade. Não adianta fazer promessas vãs, que não funcionam. Sem investimento, sem o empresário ter segurança jurídica, ele não vai diminuir o número de desempregados, a empresa não vai aumentar, o novo produto não vai para a praça. Enfim, precisa fazer uma reforma tributária mais justa, como presidente da Frente da Micro e Pequena Empresa nacional, tem avanços extraordinários. Consegui pela primeira vez um Refis para o micro e pequeno empresário. Precisamos agora avançar mais. O que eu quero lutar para o micro lá no Senado é linha de crédito porque hoje é uma ‘agiotagem’ pesada. O pequeno não tem dinheiro para investir. Isso é mentira, falar que os bancos têm dinheiro. Não têm. O micro empresário sabe que não tem dinheiro para ir nos bancos. Os bancos vão ter que criar linhas de crédito que não sejam essa agiotagem oficializada para que eles possam produzir. Posso ter capital de giro. Tem tantas coisas importantes que já fiz como presidente da frente nacional para micro e pequena empresa, avanços extraordinárias. Por exemplo, colocamos agora um trabalho que fiz e quero fazer com que ele se amplie: bebidas artesanais dentro da micro e pequena empresa. De 80% que se pagava de tributos, passou para 9%. Só em SC tem mais de 150 microcervejarias produzindo, dando emprego. Tem vinho, cachaça, licor e cerveja. Dentro do teto pode estar no Super Simples. Antes era pecado, agora a gente já aprovou isso. Tem muito mais avanços para se fazer, para quem produz e para quem trabalha, para reduzir o número de desempregados. Não adianta só discurso. É muita gente que só fala, fala, fala e engrossa a veia do pescoço de tanto falar que vai reduzir o número de desemprego, mas não faz absolutamente nada para isso. Já fiz e quero fazer muito mais porque Santa Catarina é um Estado vencedor, o nosso povo é um Estado vencedor que não aceita falar de crise, que supera todas as crises e está indignado com esse negócio da política, essa nojeira da política, essa podridão, essa roubalheira. Então a gente precisa ter coragem para enfrentar isso tudo. Quero ajudar o presidente do Brasil a fazer isso e ajudar o meu Estado a sair desse marasmo, desse faz de conta, dessa conversa morna que há muito tempo corre aqui em SC.
Na época da pré-campanha houve aproximação do PR com Jair Bolsonaro a nível nacional e estadual. Por que essa aliança não ocorreu?
O Magno Malta, nosso senador (pelo PR), ia ser o vice, mas por entendimentos regionais, que ele é do Espírito Santo, optou por não ser candidato, a não ser o vice. Ele é um senador atuante, jogo duro e é uma liderança naquela região. Então ele preferiu ficar como senador e abandonou a possibilidade de ser o vice. Mas não está descartado, não. O Bolsonaro é uma indignação das pessoas. Em SC, Bolsonaro está na frente e eu sou simpático a essa candidatura e eu nunca neguei isso. Porque o Brasil precisa mudar. Esse marasmo que tem, essa impunidade, essa bandidagem que prospera isso tudo tem que ser dado fim. Nós precisamos ter muita responsabilidade. A chapa está quente. Temos que acalmar o brasileiro e o brasileiro está preocupado, nervoso e ansioso. Primeiro, nós temos que acalmar isso e depois fazer as reformas que precisam ser feitas. Sem dó e sem medo. Senão nós não vamos mudar, senão, não vamos virar essa página de corrupção. Da Lava-Jato, tem político de SC que tem problema com Lava-Jato, tem que prestar contas para a sociedade e fica posando de bom moço para ser reeleito, a sociedade tem que verificar isso. Não tenho dúvida de que o novo presidente do Brasil vai ter que fazer reformas profundas para que não volte de novo essa história de se renovar ciclos. Está vencendo um ciclo, terminando um ciclo. Precisamos renovar com gente de compromisso e com passado limpo e presente limpo.
A propaganda eleitoral do senhor dá enfoque para a ficha limpa. É possível eliminar a corrupção da política?
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Tem que eliminar. Quem faz política, faz para os outros. Se o político ficar rico pode saber que é ladrão, eu não tenho dúvida disso. Tem sacrifícios pessoais, eu sei o que é ser político, eu tenho seis mandatos de luta, de conquista, de trabalho, de viagem, de ajudar o prefeito, o vereador, de ajudar a Saúde, de arrumar emenda de R$ 1 milhão para Florianópolis. Dei 75% de todos os recursos que eu pude destinar das minhas emendas pessoais foi para a Saúde de SC, para comprar equipamento, para tirar gente da fila, que fica seis, oito meses esperando um exame, quem é que aceita isso? Então, a vida política, a vida limpa, isso vai ser uma necessidade. O Brasil está virando essa página, essa página negra, de corrupção, de Lava-Jato, de caixa dois. Isso tudo é uma vergonha, isso tudo prejudicou e muito o progresso do Brasil e tomara que o eleitor fique cada vez mais exigente com o seu voto, pesquise antes de votar. Tem gente com conversa bonita, conversa mansa, que quer fazer e ajudar o Estado, mas já esteve lá e não fez. Vem agora com essa conversa requentada. O povo não suporta mais isso. Assim como está não vai ficar, tenha certeza. As pessoas querem mudança, querem olhar dentro do olho e entender que não é promessa de campanha, que todo mundo fica simpático na época da campanha, pegando crianças no colo. Isso tudo vai fazer parte do passado. Agora é uma nova política, é um novo enfrentamento para resolver o problema de quem produz e quem trabalha nesse Brasil. É isso que eu quero fazer. Lava-Jato é um processo que tem que continuar limpando, escovando a vida do setor político, de muitos empresários, de todos que participam dessa página negra do Brasil, a gente tem que mudar e sepultar isso.
Esse processo demora ainda opinião do senhor?
É um processo evolutivo. Cada dia é para ir apertando para que não tenha mais espaço, se não vai faltar dinheiro para tudo como falta hoje. É difícil. Você vai daqui a Blumenau na BR-470 você enlouquece dentro do carro e não tem o que fazer, porque a duplicação ainda não aconteceu, porque o dinheiro foi para outros lados, para outras finalidades não lícitas e isso o brasileiro não aceita mais, nós não aceitamos mais. Por isso que eu quero lutar como senador, você vai ter a absoluta certeza que eu vou ser o Jorginho combativo de sempre, homem de palavra, de compromisso. Tenho muito orgulho que tudo aquilo que eu falo eu vou honrar e quem me conhece, sabe que combinou com deputado Jorginho, que agora vai ser senador, combinou, ta combinado.
O senhor se posicionou favorável à denúncia contra Temer e chegou a ser substituído pelo próprio partido na CCJ da Câmara. Até que ponto essa troca de favores prejudica a atuação no Legislativo?
Eu tenho oposição e eu me manifestei, fui removido da comissão, mas não tem problema. No plenário, para cassar o Cunha, eu pude caçar o Cunha, votei pelo impeachment da Dilma, para colocar o Cunha na cadeia, porque ele era ladrão, para processar o Temer. Por que o Temer não pode ser processado? Só por que ele é presidente da República? A lei tem que ser para todos e eu não o condenei, não mandei ele para a forca, eu votei para que ele pudesse ser investigado, se ganhou dinheiro de madrugada no porão ou se não ganhou, enfim. Todas as minhas posições sempre foram muito claras e muitas vezes geram atritos partidários, mas eu não dou bola para isso, toco em frente. As minhas posições a sociedade conhece, não tem colher de chá, fez coisa errada, tem que pagar. Sou contra o foro privilegiado há muito tempo. Por que 52 mil pessoas tem que ter foro? Isso é uma diferença, uma sacanagem com o brasileiro que luta. Os direitos tem que ser iguais, agora porque você é político, você tem um cargo, não pode ser processado, tem que ser processado diferente dos outros? Eu sempre tive posições muito claras e por isso eu me gosto muito, gosto de ser político, tenho prazer em ser político, faço política para pessoas, política de resultados. Aqui é trabalho, trabalho, trabalho em favor de quem me elege, de quem eu represento. Por isso que eu quero ser senador por Santa Catarina.
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