A prefeitura de Florianópolis buscará apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar nas próximas operações de fiscalização no Centro de Florianópolis. Nesta quarta-feira, a Secretaria Executiva de Serviços Públicos (Sesp) divulgou um vídeo, publicado no blog do colunista do Diário Catarinense Rafael Martini, no qual dois funcionários são agredidos por supostos ambulantes irregulares. Um deles teve o nariz fraturado e duas costelas trincadas. As imagens são do dia 28 de novembro e chegaram até a prefeitura por uma pessoa que não quis se identificar.

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De acordo com o secretário da Sesp, Acácio Garibaldi, um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil. Além disso, as imagens do monitoramento da PM podem contribuir na identificação dos agressores. Segundo o secretário, as pessoas que atacam os fiscais no vídeo comercializam produtos irregularmente. Um deles é suspeito de ser o fornecedor das mercadorias.

De acordo com Garibaldi, o vídeo não mostra a agressão desde o início, mas cerca de 10 ambulantes atacaram os dois fiscais. No tumulto, um deles levou chutes e socos.

– Os fiscais já haviam sofrido agressões individuais antes. Pedimos que haja reforço policial para as próximas operações. Os agressores continuam no Centro vendendo seus produtos irregularmente.

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Entrevista – Antônio Rocha, fiscal agredido no Centro de Florianópolis

Antônio Rocha, 57 anos, é um dos fiscais agredidos por supostos ambulantes irregulares no Centro de Florianópolis no dia 28 de novembro. Rocha, como é conhecido pelos colegas, soma 38 anos de fiscalização e está prestes a se aposentar. Nesta entrevista, conta que passou por situações parecidas neste tempo de profissão, mas nada tão grave quando à daquele dia, quando terminou com o nariz quebrado e duas costelas trincadas.

Diário Catarinense – Como começou a confusão?

Antônio Rocha – Eu e meu colega estávamos fazendo o turno da manhã que vai até as 13h. Depois do almoço, é o horário com maior movimento de ambulantes na região central. Nós estávamos fazendo a fiscalização quando um deles, que estava vendendo óculos, começou a zombar da gente. Eu e meu colega nos aproximamos e só depois percebemos que ele estava nos atraindo para uma emboscada.

DC – Como assim?

Rocha – Tem uma região do Centro, perto do relógio na região do Mercado Público que é conhecida como Faixa de Gaza pelos fiscais. É o lugar onde ficam os vendedores de celular. Este é um dos lugares mais perigosos. Ele nos atraiu pra lá. Percebi que era uma emboscada, mas tive que dar apoio para o meu colega. Eles só pararam quando eu consegui chegar perto do muro, onde não conseguiam me chutar pelas costas. O vídeo não mostra, mas, no começo, fui derrubado várias vezes.

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DC – Há quanto tempo o senhor é fiscal? Já havia passado por uma situação parecida?

Rocha – Tenho 38 anos de fiscalização e sempre foi complicado. Sempre fizemos a fiscalização com apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar, mas agora falta gente e nos dividimos em duplas para fiscalizar o Centro. Ao todo, somos em 12, mas no Centro só ficam quatro que trabalham em dois turnos. Já passei por uma situação parecida, mas dessa vez tive o nariz quebrado, duas costelas fraturadas e vários hematomas. Se tivesse apoio policial, não teria acontecido isso.

DC – Qual a principal dificuldade de fazer a fiscalização?

Rocha – Tem ambulante com passagem na polícia, no Centro já identificamos vendedores de celular com essa situação. Também parece que eles têm bola de cristal e somem nos dias de operação. Eu sou conhecido por não fazer acordo com camelô, meu colega também. Não aceitamos suborno. Acho que para resolver o problema dos ambulantes irregulares em Florianópolis, só se a fiscalização ficar direto no Centro, mas falta pessoal para isso. Posso ficar duas semanas afastado, mas penso nos meus colegas. Assim que eu tiver condições, voltarei ao meu trabalho.

Assista ao vídeo da agressão (as imagens são violentas e contêm palavrões):