Com paciência, e sobretudo senso de oportunidade, o paulista Michel Temer está próximo de se tornar o homem mais poderoso do país. Presidente do PMDB há 15 anos, ele usou todo o peso do partido para ascender politicamente. Contudo, ainda terá de se entender com o correligionário Renan Calheiros (AL), presidente do Senado. Cabe à Câmara Alta a decisão sobre o afastamento de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. É a última etapa a separar esse filho de comerciantes libaneses, atualmente com 75 anos, da cadeira de presidente do Brasil como titular – por ora, ainda é o vice.
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Depois do áudio vazado na segunda-feira passada, em que Temer discursou como se o impeachment de Dilma Rousseff estivesse aprovado, neste domingo, ele evitou dar entrevistas. Indicou que somente deverá falar após decisão sobre o afastamento da presidente no Senado. Cercado de aliados, Temer acompanhou a votação na Câmara na residência oficial da Vice-Presidência, o Palácio do Jaburu.
Ele esteve reunido com integrantes de seu núcleo, como o senador Romero Jucá (RR), atual presidente do PMDB, e os peemedebistas e ex-ministros Eliseu Padilha (RS) e Henrique Eduardo Alves (RN). Em foto feita por um aliado, Temer foi mostrado sorrindo enquanto via a votação pela TV. Foram servidos quibes, bolos, biscoitos, suco e água. Mas o champanhe foi evitado – ou deixado para quando o Senado aprovar o impeachment de Dilma, como comentou um dos presentes.
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À medida que a sessão avançava e crescia a diferença de votos a favor do impeachment, mostrando a derrota do governo de Dilma, vários deputados começaram a desembarcar no Palácio do Jaburu. A expectativa era de receber, ontem à noite, dezenas de parlamentares.
Além da televisão, Temer acompanhou a confirmação dos votos de cada deputado na planilha montada por Padilha, considerado fiel escudeiro do vice e um dos principais articuladores da estratégia para aprovar o processo de impeachment.
Em tom de vitória, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), fez duras críticas Dilma:
– Nós, brasileiros, temos de ajudar o país a sair da grave situação em que se encontra.
A crise chama-se Dilma Rousseff. Saindo a Dilma, vamos respirar aliviados.
O líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM), apontou como vantagem o fato de, segundo ele, Temer pensar completamente diferente do PT na economia e na política:
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– É um tiro que estamos dando. Mas não estamos dando um tiro no escuro. Estamos vendo o alvo e tenho certeza de que será atingido.