O Brasil voltou a registrar casos do sorotipo 3 da dengue de forma mais expressiva, pela primeira vez desde 2008. O DENV-3, como é conhecido cientificamente, representou 40,8% dos casos registrados de dengue em dezembro de 2024, de acordo com o Ministério da Saúde. Os estados que mais registraram casos foram São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná.

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O sorotipo três não é mais grave que os outros. Os riscos de infecção pelo DENV-3 são os mesmos que os outros sorotipos, de acordo com o diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), João Augusto Fuck. Até o momento, não há casos confirmados do sorotipo em Santa Catarina.

— Essa ordem de números (dos sorotipos) não é por gravidade. O aumento que a gente está vendo está muito associado ao fato de que as pessoas não tiveram contato com esse sorotipo nos últimos anos, lembrando que a pessoa só adquire imunidade contra aquele sorotipo que fez ela adoecer. As pessoas têm uma suscetibilidade justamente porque ele não circula há muito tempo —, afirma o diretor da Dive.

Fuck reforça que a dengue pode apresentar evoluções para formas mais graves ainda em uma primeira infecção. A chance de agravamento aumenta conforme a pessoa se infecta mais vezes pela doença. Por isso a importância de manter a vacina contra a dengue em dia.

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O que é a dengue tipo 3 e as diferenças para outras variantes da doença

O diretor da Dive explica que a diretoria realiza exames para descobrir se a pessoa possui dengue ou não. Uma parte das amostras positivas são levadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-SC), onde ocorre a sorotipagem. Após o processo, é possível identificar qual o sorotipo que está circulando por Santa Catarina.

— A gente sabe que ele está circulando em outros estados do país. É uma possibilidade que ele também chegue aqui, já que somos um Estado turístico e recebemos muitas pessoas. Pode ter pessoas que chegam doentes aqui que darão início a um processo de transmissão —, completa o diretor.

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Baixa adesão às campanhas de vacinação

De acordo com o último levantamento da Secretaria da Saúde (SES-SC), apenas 18,69% do público-alvo da vacinação contra a dengue — crianças de 10 a 14 anos — possui a cobertura completa em Santa Catarina.

Dados da campanha de vacinação contra a dengue em Santa Catarina (Foto: SES, Reprodução)

O público-alvo é composto por 221 mil crianças. Entre elas, 41 mil receberam as duas doses da vacina contra a dengue. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 90% do público-alvo, o equivalente a cerca de 198 mil crianças.

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Cuidados com a dengue

A dengue faz parte de um grupo de doenças chamado arboviroses — doenças causadas pela transmissão do vírus por artrópodes — e apresenta quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Sorotipos apresentam diferentes materiais genéticos e linhagens.

Em Santa Catarina, 568 casos prováveis de dengue foram registrados na primeira semana epidemiológica de 2025. No mesmo período de 2024, foram registrados 543 casos.

Ainda em 2024, o Brasil registrou mais de 6,6 milhões de casos prováveis e 6,1 mil óbitos pela doença. Outras 761 mortes continuam em investigação. No mesmo período de 2023, foram registrados 1,6 milhão de casos e 1,1 mil óbitos, com 114 mortes ainda em investigação.

No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti. A vacina contra a dengue, ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é a principal ferramenta na prevenção contra a doença, de acordo com o Ministério da Saúde. Além disso, é recomendado:

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  • Uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
  • Remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
  • Vedação dos reservatórios e caixas de água;
  • Desobstrução de calhas, lajes e ralos;
  • Participação nas fiscalizações executadas pelo SUS.

Os sintomas mais comuns são febre de início repentino (39°C a 40°C) acompanhada de dor de cabeça, prostração, dores musculares, articulares e dor atrás dos olhos. Após o período febril, o indivíduo pode apresentar dores abdominais, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, entre outros sintomas.

Após a infecção, o tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde se baseia na reposição de líquidos. Além disso, repouso em casa, não se automedicar e retorno para reavaliações clínicas também são recomendações.

O sorotipo um costuma ser o mais comum. Em 2024, ele representou 73,4% dos casos registrados de dengue, de acordo com o Ministério da Saúde.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

Animação mostra o ciclo de vida do Aedes aegypti

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