A mobilidade urbana tem se tornado um dos principais pontos de debate da sociedade nos últimos anos, fortemente marcado pelo crescimento dos deslocamentos motorizados e a saturação do sistema viário da cidade.
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As soluções para o trânsito voltadas ao uso do automóvel afetam negativamente a circulação das pessoas, seja a pé, de bicicleta ou no transporte coletivo. Assim, as pessoas procuram o carro e a moto como solução individual para as suas viagens. Para acomodar estas viagens por modos motorizados individuais, mais investimentos em sistema viário são necessários e mais carros e motos vêm a ocupar estes espaços, que, via de regra, não têm espaço reservado para o coletivo e o não motorizado.
Para reverter este ciclo, o nosso Plano Diretor definiu a visão estratégica de mobilidade para Joinville, visando promover deslocamentos de pessoas e bens de forma ágil, segura e econômica, que atendam aos desejos de destino e provoquem baixo impacto ao meio-ambiente. Para se obter este desejo, as diretrizes do Plano são: 1 – o favorecimento dos modos não motorizados sobre os motorizados; 2 – a priorização do transporte coletivo sobre o individual; e 3 – a promoção da fluidez com segurança.
Desta forma, podemos afirmar que a Joinville que queremos precisa de uma mobilidade urbana sustentável.
Na visão do planejamento, o caminho para materializar as diretrizes parte do Plano de Mobilidade e Acessibilidade com participação comunitária. As primeiras considerações para o plano são vinculadas ao cenário futuro com os desejos de divisão modal, definidas pelo grau de eficiência de cada modo de transporte, o custo das intervenções e a evolução tecnológica.
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Para atingir a mobilidade sustentável, a infraestrutura a ser aplicada não pode deixar de ter como princípios que a via é para as pessoas conviverem e se deslocarem, bem como é composta de passeios, canteiros, arborização, mobiliário urbano e pista de veículos. Outra a medida principal é a valorização dos modos sustentáveis e a integração entre eles, notadamente entre as bicicletas e o transporte coletivo.
As considerações sobre a infraestrutura e a mobilidade futura em Joinville se aplicam aos diversos modos – coletivo, a pé e de bicicleta.
Relativo às viagens futuras pelo modo a pé, a cidade deverá prover passeios em perfeitas condições de trafegabilidade e deverão compor um trajeto seguro do cidadão aos equipamentos urbanos e ao transporte coletivo. Nas vias locais, as calçadas devem ser ampliadas com inclusão de faixas verdes arborizadas e as pistas pavimentadas reduzidas para a circulação dos veículos.
A meta estabelecida é elevar o índice de caminhabilidade (0 à 10) nas calçadas de Joinville de 4,5 para 7,5 até 2020.
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Considerando que as viagens por bicicleta têm alcance ideal de até 8 km (WRIGTH, 1988), este modo é excelente para os deslocamentos curtos e podem potencializar a integração intermodal. Assim, as vias cicláveis deverão ser implantadas em todo o território, prioritariamente na região alimentadora do sistema de transporte até aos bicicletários das estações;
As ciclovias deverão ocupar de 10% a 15% da rede cicloviária, restando às ciclofaixas, que em sua maioria são implantadas suprimindo-se as faixas de estacionamento, a maior parte desta rede. As ciclofaixas e ciclovias deverão ser priorizadas nas vias de maior movimento, como as faixas viárias previstas na nova Legislação de Ordenamento Territorial (LOT). Nas outras áreas, onde se caracteriza o tráfego local, deverão ser implantadas Zonas 30 (velocidade máxima permitida: 30km/h), com medidas moderadoras de tráfego e a circulação das bicicletas misturando-se aos outros modos.
Nas áreas centrais, um sistema de bicicletas públicas será implantado, como forma de diversificar as formas de uso deste modo.
As metas são: 1) passar de 11,3% (pesquisa OD2010) e atingir 20% dos deslocamentos na cidade em 2020; 2) implantar de uma malha cicloviária de 600 km, com custo estimado de R$ 60 milhões.
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O sistema integrado de transporte coletivo (SIT) deverá se apoiar em uma rede de vias exclusivas (corredores segregados e faixas), implantadas principalmente nos eixos troncais e nos acessos às estações de integração. O SIT deverá fortalecer as troncais com a implantação de bus rapid transit – BRTs ou bus rapid system – BRS, somados às novas tecnologias como os bondes (metro leve, sobre trilhos – VLT – ou sobre pneus – VLP).
As estações de integração deverão conter bicicletários protegidos de intempéries, vigiados e integrados por bilhetagem automática com o SIT.
As metas são: 1) atingir 40% dos deslocamentos na cidade em 2030; 2) Implantar uma rede de vias exclusivas de 80 km para ônibus, com total estimado em R$ 160 milhões. Para implantar uma rede com 20 km de bondes tipo VLP, estima-se o valor de R$ 200 milhões. Outros aspectos importantes não podem ser desconsiderados, mesmo quando falamos de infraestrutura (confira no quadro ao lado).
* Vladimir Tavares Constante, arquiteto e urbanista, mestre e presidente do IPPUJ