Solidariedade e protesto nos seis meses da tragédia em Santa Maria

A manhã ensolarada do sábado _ dia em que a tragédia da boate Kiss completa seis meses _ foi marcada por atos em homenagem às 242 vítimas do incêndio de 27 de janeiro, em Santa Maria. Por volta das 10h, familiares e amigos das vítimas começaram a se encontrar na Praça Saldanha Marinho e no Calçadão Salvador Isaía. O ato começou às 11h e o clima colaborou, com temperatura de 14ºC e sol a pino.

Os autores da homenagem estavam de preto, simbolizando luto. Entre os assuntos das conversas, relatos de saudosismos contrastavam com um sentimento uníssono de indignação e de perplexidade, pela soltura dos dois proprietários da casa noturna e dos dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira.

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O protesto foi organizado por membros da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria (AVTSM). Desta vez, mesclado com solidariedade. Peças de roupas das vítimas estão sendo arrecadadas para doação à comunidade. São peças de inverno, agasalhos e casacos na maioria, que formam um kit. As vestimentas foram depositadas em caixas junto a uma barraca, que marca o ponto de encontro mensal dos parentes dos mortos no incêndio.

O grupo, de cerca de 60 pessoas, vestindo túnicas pretas saiu em caminhada pelo Calçadão e ruas centrais da cidade. Ao longo do trajeto, eles pedem doações de roupas e alimentos.

Segundo o presidente da associação, Adherbal Ferreira, as roupas serão entregues neste domingo para cerca de 30 famílias de pessoas envolvidas com a tragédia e que dependiam dos familiares que morreram na tragédia. As vestimentas que sobrarem serão doadas a outros carentes, via entidades beneficentes. A expectativa é coletar não só roupas das vítimas, mas também doações em geral feitas pela comunidade santa-mariense.

Alimentos também estão sendo distribuídos. O casal Almir Perdomo, 61 anos, e Marilda Silvestre, 54, foi até o Calçadão para contribuir. Almir tem um colega de trabalho que perdeu um filho no incêndio e resolveu ajudar porque ouviu que as doações estavam diminuindo.

A iniciativa também comoveu a publicitária Eunice Rosa, 61 anos, que vive em Santa Maria e doou mantas e meias infantis tricotadas por ela mesma.

_ A gente sabe que essa tragédia não é só das 242 famílias, mas de uma cidade inteira, que tem de se reconstruir _ justificou.

OUTRAS ATIVIDADES

_ Às 17h30min de sábado, também na praça Saldanha Marinho, está prevista concentração para promover mais uma edição do Minuto do Barulho. Parentes e amigos das vítimas promoveriam um apitaço, também ponteado por sinetas e assobios, para lembrar os seis meses da tragédia.

_ Por volta das 18h30min de sábado está programada uma caminhada desde a praça Saldanha Marinho até a Catedral de Santa Maria, promovida pela Associação de Familiares e pelo Movimento Santa Maria, do Luto à Luta (ambos integrados por parentes e amigos dos mortos na tragédia). Os integrantes estarão usando túnicas pretas. Será celebrada missa em homenagem às vítimas do incêndio na boate Kiss.

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