Um soldado turco cujo irmão foi morto em um ataque dos militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) criticou fortemente neste domingo a campanha anti-terror do governo em seu funeral.
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Ali Alkan, capitão do exército turco, foi morto no sábado na província de Sirnak, no sudeste do país, em um ataque atribuído aos rebeldes do PKK.
Os rebeldes romperam um cessar-fogo que mantinham com o governo desde 2013 após o lançamento por Ancara de uma “guerra contra o terrorismo” no dia 24 de julho contra o EI e o PKK, mas na qual tem atacado especialmente os rebeldes curdos.
O funeral de Ali Alkan, realizado em sua terra natal de Osmaniye, no sul da Turquia, foi marcado por tensões, com milhares de pessoas gritando slogans contra o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Em uma cena chocante, seu irmão mais velho, Mehmet, um tenente-coronel vestido com uniforme militar, abraçou o caixão e fez um discurso emocionado contra o governo.
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“Quem o matou? Quem é a razão disso?”, gritou Mehmet Alkan em meio às lágrimas, jogando para longe seu quepe militar, de acordo com imagens divulgadas pela agência de notícias Cihan.
“São aqueles que disseram que haveria uma solução que agora só falam de guerra”, acrescentou.
Erdogan buscava um chamado “processo de solução” para alcançar a paz com os rebeldes curdos, mas agora promete pressionar a ofensiva até que o último militante tenha sido morto.
Quando o caixão foi levado, Mehmet Alkan criticou os comentários feitos na semana passada pelo ministro da Energia, Taner Yildiz, que disse que também gostaria de ser um mártir.
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“Não há realmente nada como estar sentado em um palácio com 30 guarda-costas, utilizando um carro blindado e dizer ‘eu quero ser mártir'”, disse com sarcasmo.
“Basta sair e ir para lá”, acrescentou amargamente.
A gravação – que foi amplamente compartilhada nas redes sociais na Turquia – provoca um grande embaraço no governo, que tentou honrar os soldados mortos chamando-os de mártires que tiveram uma morte gloriosa.
A mídia estatal não mencionou o incidente, dizendo apenas que Ali Alkan descansou.
* AFP