Em sua fuga desenfreada, um soldado que desertou das fileiras militares de Pyongyang na segunda-feira (14) foi alvo de cerca de 40 tiros norte-coreanos, ficando ferido após ser atingido por seis deles.
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O Comando das Nações Unidas na Coreia (UNC), que monitora a cidade fronteiriça de Panmunjom, relatou hoje as circunstâncias dessa rara deserção, explicando que o militar chegou a bordo de um veículo próximo à demarcação fortemente vigiada entre as duas Coreias.
“Ele saiu do veículo e fugiu para o Sul, atravessando a linha, enquanto outros soldados atiravam nele da Coreia do Norte”, disse a UNC em um comunicado.
Depois de atravessar a fronteira, ele buscou abrigo perto de um prédio do lado Sul.
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O Estado-Maior Interamas sul-coreano disse que o soldado norte-coreano foi encontrado escondido sob um monte de folhas secas, e resgatado por três militares sul-coreanos que foram em seus socorro.
Um oficial do Estado-Maior sul-coreano afirmou que os militares norte-coreanos deram pelo menos 40 tiros.
Um médico examinou o desertor, que foi levado de helicóptero até o hospital, gravemente ferido no estômago.
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“Ele apresenta pelo menos seis ferimentos a bala, e o ferimento no abdômen é o mais grave”, disse o médico Lee Cook-Jong à imprensa.
“Seus órgãos foram extremamente afetados. Não sabemos quanto tempo ele terá”, acrescentou, classificando o estado do soldado de “muito grave”.
É muito raro que militares norte-coreanos passem para o Sul pela “Zona Comum de Segurança” (JSA, na sigla em inglês) em Panmunjom, único setor da Zona Desmilitarizada, onde os dois Exércitos rivais ficam face a face.
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Esse local é uma atração para os estrangeiros que visitam a Coreia do Sul, mas as visitas guiadas foram suspensas ontem. Nenhum turista estava no local no momento da fuga do soldado norte-coreano.
O fato de o militar ter chegado de carro leva a pensar que ele não seria, provavelmente, um membro da força de elite norte-coreana instalada em Panmunjom, cuidadosamente selecionada por sua lealdade em relação ao regime.
O Exército sul-coreano declarou que não houve troca de tiros entre o Norte e o Sul por ocasião da deserção, ocorrida por volta das 16h locais. A UNC acrescentou que nenhum militar sul-coreano, ou americano, ficou ferido.
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Já houve deserções antes em Panmunjom, a mais notável em 1984, quando Vasily Yakovlevich Matuzok – um estudante de elite de Moscou que estava sendo treinado para ser um diplomata soviético – correu pela fronteira, iniciando um tiroteio de 30 minutos que deixou quatro mortos.
Essa foi a maior violência registrada na região, tecnicamente chamada de Área de Segurança Conjunta.
Em junho passado, dois soldados norte-coreanos desertaram com um intervalo de cerca de dez dias, atravessando a DMZ – a faixa desmilitarizada de dois quilômetros ao longo de cada lado da fronteira propriamente dita.
* AFP