Foi em uma atividade fora da universidade que o egresso da Universidade Católica de Pelotas, Anderson da Rosa Carrett, 30 anos, teve a ideia para seu trabalho de conclusão de curso em tecnologia em análise e desenvolvimento de sistemas: ele trabalha em uma distribuidora de cigarros e pelo menos uma vez por mês recebia uma nota falsa, já que o pagamento do produto não aceita cartão.
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Pensando nisso, resolveu criar um software que autentica as cédulas para evitar prejuízo.
– É sempre meu nome que fica junto ao banco, pois sou eu quem entrega as notas e, de tempos em tempos, aparece uma falsa – comenta.
Ele conta que as cédulas novas têm 12 sinais de autenticação e em sua pesquisa prévia com comerciantes identificou que a maioria apenas averiguava no máximo dois sinais e gastavam em média 10 segundos no processo. Carrett ainda fez uma pesquisa no mercado e descobriu que no Brasil, os aparelhos comerciais com esse fim identificam geralmente no máximo dois sinais. Para seu software ser diferenciado, portanto, precisava que identificasse mais sinais, fosse mais rápido do que 10 segundos e ainda fosse economicamente viável.
Em um ano de projeto, conseguiu atingir quase tudo: o processo leva em torno de quatro segundos e identifica sete sinais (veja abaixo). Porém ainda não é economicamente viável:
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– Para dar andamento com os testes, utilizei material de casa. Acoplei uma câmera digital comum em uma caixa de fundo preto com luz normal e outra florescente. Com esse equipamento simples, fotografo a cédula duas vezes e o sistema me dá a chance da nota ser verdadeira, de 80% para cima é aceitável, pois há outros fatores que influenciam como sujeira na lente, leve movimento da nota na caixa e condição da cédula.
O ideal, segundo ele, seria ter um equipamento que pudesse movimentar a cédula para conseguir identificar os demais indicadores como textura do papel e conseguir dobrar uma ponta da nota com a outra para ver se o padrão dos desenhos se encaixa, exemplos de sinais que ainda faltam. Para assegurar a validade de outros identificadores, ainda seria preciso uma câmera com imagem de alta resolução. Mas tudo isso tornaria o sistema caro:
– Hoje penso em primeiro fazer o sistema academicamente. Aperfeiçoar meu sistema para que reconheça todos os sinais e não só de notas novas, mas as antigas também. Mas para isso, preciso de patrocínio para conseguir equipamentos de ponta e depois pensar em como baratear e dar um uso comercial.
Nos Estados Unidos, há uma espécie de cofre que se coloca notas de dólares e um aparelho verifica a autenticidade e já conta o dinheiro. Nos sonhos de Carrett, ele já vislumbra um desses em versão tupiniquim.
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Sinais que o software identifica:
– Tamanho da cédula
– Faixa holográfica
– Elementos fluorescentes
– Marca tátil
– Fio de segurança
– Quebra-cabeças
– Marca d´água
Sinais que ainda faltam o software identificar:
– Pinturas contínuas nas bordas (é preciso juntar as duas bordas)
– Número oculto (necessita de alta resolução na captação da imagem)
– Microimpressão (necessita de alta resolução na captação da imagem)
– Legendas e numerais (apenas sensíveis ao toque)
– Efinge (apenas sensível ao toque)