O líder do Partido Socialista, Pedro Sánchez, tomou posse neste sábado com presidente do governo espanhol, um dia depois de uma histórica moção contra o conservador conservador Mariano Rajoy.
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Sánchez, economista de 46 anos e sem experiência de governo, prestou juramento ante o rei Felipe VI no Palácio de Zarzuela, perto de Madri.
“Prometo por minha consciência e honra cumprir fielmente as obrigações do cargo de presidente do governo com lealdade ao rei e fazer respeitar a Constituição como norma fundamental do Estado”, afirmou com a mão sob a Carta Magna espanhola.
A grande novidade da cerimônia foi que, pela primeira vez desde a restauração da democracia em 1977, o novo presidente jurou sem símbolos religiosos, como a bíblia e o crucifixo.
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O líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) terá agora a tarefa de designar os membros de seu governo, que assumirão suas funções depois que a lista for publicada no Diário Oficial do Estado nos próximos dias.
Na véspera, com o apoio de uma intrincada maioria, o que permite prever um mandato complicado, Sánchez derrubou Rajoy em uma moção de censura no Parlamento, e se tornou o novo primeiro-ministro da Espanha.
Na votação na Câmara, Sánchez reuniu o apoio da maioria dos deputados (180 de 350) para a moção de censura, apresentada depois que a Justiça condenou o Partido Popular (PP) de Rajoy em um caso de corrupção.
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Para destituir Rajoy, Sánchez organizou uma complexa coalizão formada pela esquerda radical do partido Podemos, os separatistas catalães e os nacionalistas bascos. No total, oito forças políticas votaram na sexta-feira, unidas na rejeição a Rajoy, que governava desde 2011, mas sofreu muitos golpes com a multiplicação dos casos de corrupção que envolviam seu partido
Depois de perder usas eleições gerais e ter sido afastado por seu partido, em apenas um ano Sánchez conseguiu recuperar a liderança do PSOE apoiado pela militância.
– Desafio catalão –
A posse de Sánchez coincidiu com a cerimônia em que o novo governo catalão, do separatista Quim Torra, assumiu suas funções, pondo fim à intervenção da autonomia regional por parte de Madri após a fracassada declaração de independência de 27 de outubre.
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“Presidente Pedro Sánchez, vamos nos falar, vamos tratar desta questão, vamos assumir riscos, o senhor e nós. Temos que nos sentar à mesma mesa e negociar de governo para governo. Esta situação que vivemos já não pode durar nem mais um dia”, afirmou Torra na cerimônia catalã.
Quando era líder da oposição, Sánchez criticou duramente a tentativa de separação e apoiou a estratégia governamental de impor o controle regional.
Neste sábado, suavizou o tom quando prometeu ante o Congresso “restabelecer pontes” e “normalizar as relações” com o novo governo da Catalunha, uma região de 7,5 milhões de habitantes e detentora de 20% do PIB espanhol.
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“É evidente que temos que realizar eleições gerais”, afirmou ainda, sem mencionar datas.
Também reafirmou seu “compromisso com a Europa” e prometeu “estabilizar socialmente o país”, que tem a segunda pior taxa de desemprego da zona euro.
– Margem de ação limitada –
A maior pressão para realizar eleições o quanto antes certamente virá do partido liberal Cidadãos, que não apoiou a moção de censura e que, segundo as pesquisas, está em uma boa posição.
Sánchez verá limitada sua capacidade de ação, com todos os partidos que o apoiaram alertando que não deram a ele um cheque em branco.
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O partido Podemos já criticou Sánchez por se comprometer a aplilcar o orçamento de Estado para 2018, elaborado pelo governo Rajoy.
Sánchez buscou com isso garantir o apoio decisivo do Partido Nacionalista Basco, que obeteve um generoso pacote de investimentos para o País Basco.
As iniciativas bem sucedidas de Sánchez serão as que darão a ele a possibilidade de conseguir maioria fácil, como, por exemplo, a reforma da lei de segurança, criticada pela esquerda, observou Fernando Vallespín, analista político da Universidade Autônoma de Madri.
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* AFP