Internado no quarto 18 do Hospital de Mondaí, o pedreiro Claudionor dos Santos, de 48 anos, ainda sente dores na cabeça, que está enfaixada em virtude de uma lesão no couro cabeludo, e dor no ombro direito, em virtude de uma luxação.

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Ele foi um dos sobreviventes do acidente com um ônibus em Mondaí. Para chegar ao Hospital, o pedreiro subiu os 20 metros até a beira do asfalto e conseguiu uma carona. Ele conseguiu uma toalha com o dono do carro, que ficou encharcada de tanto sangue que perdia na cabeça, pois arrancou um pouco do couro cabeludo.

Na hora do acidente, Santos ficou em pé no corredor do ônibus e agarrou com uma mão em cada lado do bagageiro superior, quando ouviu o amigo Ivan Camargo gritar que o ônibus estava sem freio.

– Me senti como num rio sem saber nadar – lembra.

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O pedreiro disse que foram poucos minutos de uma aflição terrível.

– Eu olhava para um lado e via o barranco, olhava para o outro e via o perau – lembrou, sobre o trecho de morros e ribanceira onde ocorreu o acidente.

Miranda disse que o ônibus apagou de repente e ficou sem freio. O motorista ainda conseguiu fazer duas curvas e, na terceira, não conseguiu controlar.

– O motorista não teve culpa, foi falha mecânica – disse o sobrevivente, lembrando que o motorista andou ainda cerca de 500 metros descendo a serra sem freios.

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Ele argumenta que se não viesse outro carro talvez ele conseguisse vencer mais uma curva. Mas talvez o acidente poderia ser ainda pior pois o ônibus estava embalando cada vez mais.

Miranda, que estava na parte dos fundos do ônibus, disse que ouviu um ronco estranho no motor já em Capanema-PR. Ele chegou a ir até a cabine do motorista mas o ronco não chegava até lá e o motorista afirmou que o veiculo tinha sido revisado.

O pedreiro, que há 15 anos também toca saxofone na Congregação Cristã no Brasil, em Foz do Iguaçu, voltou para seu lugar mas chegou a acordar pouco antes do acidente.

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Ele afirmou que o ônibus tombou três vezes e, quando pensou que havia parado, largou as mãos e o ônibus tombou mais uma vez. Foi então que bateu a cabeça no banco.

Ele foi um dos poucos que não foi arremessado para fora do veículo.

– Quando desci, pisei em dois corpos – lembra.

Miranda lamentou a perda dos amigos que tocavam junto. A partir de agora, o som de seu saxofone será mais triste.