É impossível ouvir Regina Let’s Go e não cantar os versos em voz alta lembrando de um amor passado. Superando obstáculos e sobrevivendo ao modismo, a banda com quase 20 anos de estrada lança seu novo CD e DVD: o CPM 22 Acústico.

Continua depois da publicidade

Depois de sete álbuns, todos os integrantes beirando os 40, eles resolveram se arriscar em um novo estilo. Arriscar-se, porque originalmente são um grupo de punk rock melódico, o que causa certo estranhamento ao falar-se em acústico. Depois, porque a proposta já tinha sido feita pela MTV em 2006 e recusada por eles.

Gravado em junho, o trabalho revela o amadurecimento do quarteto. Alguns casados e outros com filhos, eles garantem que se sofre por amor em todas as idades. Badauí, Japinha, Luciano e Heitor convidaram Phil Fargnoli (ex-Dead Fish) e o produtor musical Daniel Ganjaman para participarem do projeto. O resultado são os maiores clássicos (como Desconf o e O Chão que Ela Pisa para citar alguns) transformados em arranjos lindos e diferentes. A cereja do bolo fica por conta da participação de Dinho, do Capital Inicial, na faixa O Mundo Dá Voltas.

Para saber mais sobre o projeto, confira o papo que batemos por telefone com os caras.

No making of, foi comentado que tinha rolado um convite para um acústico pela MTV em 2006 e que na época vocês negaram. O que mudou de lá para cá e fez vocês optarem pelo acústico?

Continua depois da publicidade

Luciano – Duas coisas principais: o repertório e a vontade fazer. A gente negou por essas duas coisas. Não tínhamos repertório nem vontade suficientes. Com o último CD de estúdio fechamos um ciclo legal. Conseguimos colocar todas as nossas influências e fazer um acústico.

Como foi fazer um acústico e passar da guitarra com distorção para o violão?

Luciano – Foi um desafio divertido, já que 95% das nossas músicas a gente compõe em violão e leva para a guitarra. As 22 do show acústico, 18 antigas e 4 inéditas, foram tomando forma nestes sete meses de ensaio.

Dinho chegou a participar de quantos ensaios?

Luciano – Dinho é CDF, cara. Ele participou de cinco ensaios de estúdio e dos dois dias de gravação. Estava envolvido com o projeto, até porque ele mesmo já gravou um acústico com a banda dele.

Qual foi a parte mais difícil?

Luciano – O mais difícil aconteceu nos ensaios, porque no acústico não tem como você maquiar o que está tocando. O que você toca no violão sai ali mesmo. Eu nunca fiz curso de guitarra, e tocar violão cansa mais. Então, foi um treino físico aguentar duas horas ali. Foi mais diversão do que desafio mesmo trabalhar com arranjos diferentes e com o Phil, ex-Dead Fish, e o Heitor participando. A gente achou que o acústico ficou bem resolvido, bem adulto.

Continua depois da publicidade

Como rolou o convite para o Dinho? Qual era a proposta?

Badauí – Dinho tinha tudo a ver. Ele curte fazer um som como o nosso e confia na gente. O cara está muito tempo na estrada. Ele não teve muita influência no som final, focamos mais na participação dele no acústico. Nós demos quatro músicas e deixamos ele escolher qual queria cantar.

Como tem sido a receptividade do público?

Badauí – A galera pirou no show. Já ouviu e reouviu tudo o que a gente fez. É uma coisa pra frente, que vai durar dois anos no máximo. Em janeiro começamos em turnê nacional só com o acústico mesmo.

Vocês eram jovens e falavam sobre esse universo. Agora vocês são casados, com filhos. Vão falar sobre isso também?

Badauí – Você não sofre de amor apenas quando é adolescente. Isso acontece a vida inteira, pode estar casado 30 anos e separar. Isso sempre causa um trauma, um sentimento. Perder um amigo de longa data, algum familiar ou um amigo pessoal que acaba se afastando – essas coisas acontecem na vida de qualquer um.

Continua depois da publicidade

Como foi fazer a batera do show acústico com uma pegada não tão marcada?

Japinha – No acústico a batera não é tão porrada. Usei baquetas diferentes para tocar nesse formato. Os andamentos mudaram um pouco, mas no geral, em termos de arranjos, eu mantive a maioria das coisas. O lance do acústico é o pessoal ouvir a música com outra sonoridade, outra velocidade. O foco é a voz e o violão harmoniza. Nesse caso, a batera fica mais enxuta, deixei ela um pouco menos agressiva. A geração que ouvia vocês no início de carreira cresceu.

Houve uma renovação no público?

Japinha – É interessante, porque vai mudando. Tem muitos fãs de 2001 e 2002 que não vejo mais e tem fãs recentes que começamos a ver de uns quatro anos pra cá. É legal porque isso amplia o público que atingimos. E quem curtia a gente naquela época, provavelmente tem CD no carro e é bem provável que continue nos ouvindo e mostrando nosso som para outras pessoas.

Qual é o objetivo profissional de vocês para agora?

Japinha – Acho que qualquer banda tenta ampliar a pegada e manter o ritmo. Seja com repertório novo ou inovando no som. No álbum Depois de um Longo Inverno, por exemplo, a gente usou bastante ska. Pode ser que agora mantenhamos mais a linha inicial, do punk rock. A tendência é voltar pra isso, algo com mais peso e velocidade. O objetivo é se manter como uma banda de referência. Não é tão fácil quanto parece. Há modas, tendências e a gente tem que trabalhar muito pra se manter. No início da banda a influência era Ramones.

O que vocês têm de referência para o acústico?

Japinha – Para o acústico, ouvimos coisas relacionadas a outras sonoridades, como Johnny Cash, ou mesmo músicas de punk rock e new grunge que já fizeram acústico. Ouvimos para pegar informação e referência mesmo.

Continua depois da publicidade