O barão Georg Heinrich Langsdorff, botânico e naturalista a bordo do Nadeshda, nau russa comandada por Adam Krusenstern, deitou os olhos sobre a Baía Norte da Ilha de Santa Catarina em 18 de agosto de 1803, âncora lançada entre o Estreito e a Ilha.
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Registrou assim o seu primeiro encontro com a Ilha e com o vento sul que açoitava as velas do barco, sob a luz de um sol anêmico de um dia seminublado:
“A floração, tão variada em cores, tamanho, constituição e variedade, exala na atmosfera da ilha um perfume indizível, um aroma muito agradável, que a cada inspiração fortifica o corpo e vivifica o espírito”.
Mas nem só de flores viveu o barão Langsdorff. Mulherengo de ofício, não deixou de registrar a presença do belo sexo na Ilha, aproveitando-se da circunstância de que conhecia e falava muito bem a língua portuguesa. Servira como médico voluntário em Lisboa, atendendo tropas inglesas em guerra contra os espanhóis, e falava um português mais do que razoável.
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Mas nem só de flores viveu o barão Langsdorff. Mulherengo de ofício, não deixou de registrar a presença do belo sexo na Ilha
Seu olho para as mulheres ia muito além do mero interesse científico: “As representantes do sexo feminino, aqui, não são feias. E entre as mulheres de classe mais alta estão algumas que, mesmo na Europa, teriam motivos para se firmar como beldades”.
Sobrevive até hoje a descrição da mulher da Ilha pelo “louco-galante”, botânico que não amava apenas as flores do mundo vegetal, mas essas outras flores de carne e osso, pernas, bocas e olhos:
“Na maioria são de estatura média, bem constituídas, de cor castanha (basané), se bem que algumas são muito claras, têm fortes cabelos pretos, olhos escuros e sensuais. Acresce que essas portuguesas recebem com muita gentileza os seus hóspedes e, em geral, não vivem retraídas ou confinadas, como na sua própria terra natal, onde as damas vivem o ano inteiro enclausuradas, espiando os visitantes pelo buraco da fechadura. Aqui não faltam pequenas intrigas de amor. E os presentes europeus, como fitas e brincos, são gratamente recebidos”.
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Hummmm… Esse barão galante, já se viu, era louco, mas não era burro.
Gostou do vento sul e das mulheres da Ilha – explosiva mistura, em meio ao fru-fru e o roçagar das anáguas que se arrastavam pelo Largo da Matriz.