Santa Catarina é um estado rico. Santa Catarina tem o PIB do Chile. Santa Catarina é o Brasil que dá certo. Mentira. Só um idiota ou um ingênuo acreditariam nesse tipo de falácia. SC, de fato, tem um PIB parecido com o do país vizinho, mas como vivemos em um lugar cujo investimento em cultura é sofrível, é possível, sim, dizer que este é um lugar muito pobre. Temos uma secretaria de estado que junta turismo e esporte e cultura e que tem tido, ao longo dos últimos anos, um orçamento enorme, mas que é muitíssimo “mal usado”… A verdade é que, se tivéssemos um Ministério Público combativo, essa “secretaria Frankestein” já não existiria. A verdade é que Santa Catarina é uma enganação. A verdade é que sem uma produção de cultura consistente, seremos sempre paupérrimos (a despeito das festas no P12 etc.).

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Note, dizer isso não é atacar SC gratuitamente, ao contrário, é propor uma mudança de comportamento, de pensamento, de postura.

Em terra de cego, quem tem olho é rei? “Mulher de malandro”, depois de muito apanhar, não percebe que um afago qualquer não é exatamente “um carinho”?!

Inscrevi o disco que eu e Felipe Melo (ouça aqui) lançamos esse ano no Prêmio da Música de Santa Catarina (veja aqui os indicados). Não o faria e dei meus “porquês” publicamente, mas não por ter algo contra a iniciativa, pelo contrário, acho digna de aplauso. Não pretendia fazê-lo por achar o prêmio confuso, pouco consistente e por não me interessar o modo como ele vinha sendo organizado… Mas por conta de uma conversa pública, via feyçy, com alguns músicos, jornalistas e entusiastas do cenário local, mudei de opinião. Todavia, depois de ver meu nome entre os indicados, de ter pesquisado sobre alguns os artistas da lista, fiquei, sim, decepcionado com a ordem geral das coisas… Mas fiquei em dúvida se deveria tornar pública minha frustração, afinal, valorizo a iniciativa e respeito o seu principal idealizador, Marcio Pimenta. Por esse motivo, tento elaborar melhor minha fala, para que ela não pareça o que não é.

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Para começar, é difícil levar a sério um prêmio cujo regulamento e curadoria se mostram pouco precisos. Exemplos: 01) como “O sol”, de Chico Martins, está concorrendo como “música do ano” se ela foi lançada em 2012? 02) se o trio Da Caverna for eleita a melhor banda de 2015, será no mínimo irônico pensar que eles estão praticamente parados, que fizeram apenas três apresentações até aqui. Mais exemplos? Prefiro não, pois respeito os indicados e sei que a iniciativa do Prêmio ajuda a divulgar os nossos trabalhos.

Há um problema ético na minha crítica se tornar pública? Sim. Pode ser que alguém fique magoado? Sim. Que fique claro: adoraria que minha fala ajudasse a melhorar o projeto e a nos fazer pensar criticamente a respeito do (pouco) que temos, nossos problemas e possíveis soluções. O que quero é propor melhoras. Mas sei que as chances de ser mal interpretado são ENORMES. Ainda assim, prefiro correr o risco e problematizar, sim, que ficar criticando ao pé de ouvido dos chegados… É coerente com a minha trajetória me colocar e é pertinente, também, participar do Prêmio da Música de SC, por mais que veja problemas em sua organização-feitura, pois acredito que devemos fortalecer iniciativas como essa.

Tem mais, tendo o prêmio dinheiro oriundo dessa mesma secretaria pouco transparente que citei acima, é fundamental discutirmos e apontarmos novos caminhos para seus responsáveis.

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Santa Catarina não é um estado tão rico assim, mas podemos fazê-lo um lugar melhor. Depende de nós.

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