Os traços de beleza são acidentes biológicos da evolução, segundo Nancy Etcoff (Harvard), e estão relacionados à saúde e fertilidade, formando em nossos cérebros base nessa percepção ao longo do tempo, astúcia à existência. Logo, não são atributos culturais, como muitos imaginávamos, mas constituem caracteres inatos e universais como nossas emoções, igualando-se às expressões faciais.
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Ninguém necessita de lições para identificar e apreciar a beleza da natureza e de muitas pessoas como parte do mundo. Até bebês de dois anos fixaram o olhar por mais tempo em fotos atrativas, e na mesma linha de pesquisa realizada por estudiosos em percepção de Barcelona, agora com adultos, esses, tenderam a atribuir características de êxito as mesmas fisionomias.
Do contrário, ou seja, na observação de imagens de pessoas “pouco” surpreendentes, relacionaram a qualidades desfavoráveis. Embora sejamos bastante visuais quanto ao processamento de estímulos, existem outros aspectos de personalidade que refletem em nossos pensamentos em relação à beleza, como gestos, tipo de voz, maneira de andar, odores, estilo e feromônios, que são substâncias produzidas pelo organismo e “parecem” suscitar a atração entre indivíduos, revelando semelhanças genéticas.
Ainda, na configuração de nosso cérebro, há um sistema de recompensa na relação interpessoal com base em alguns pressupostos biológicos – o do embelezamento é um deles e traz consigo o desejo de posse.
Não há uma beleza universal, mas sim vestígios que evidenciam o “belo”, representados em forma de maquiagens, no comprimento dos cabelos…, e principalmente pela sutileza da pele, que dá mostras da época de vida de cada um de nós e que se sobressai como sinal universal.
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É nesse “pano” de fundo que as tatuagens ganham intensidade. Tudo, perspicácia em atrair a atenção e que, de modo instintivo, expressam “energia”, padrão que nosso cérebro está adaptado em reconhecer. Alguns aspectos de simetria, como ângulos bem definidos de um rosto, são decodificados pelo cérebro como modelos harmônicos e traduzem o “bonito”, demarcados nos genes e evolutivamente adequados à reprodução; figurando um eficaz metabolismo do organismo, principalmente do sistema imunológico.
Decerto, de um pensamento surgido, Vinícius de Moraes, em sua poesia escreveu que a beleza é fundamental, e a biologia pragmática distingue-a como casual e atávica.
Por Telmo José Mezadri, professor de cursos da área da saúde na Univali, mestre em neurociências e doutor em ciências