Pelo menos sete pessoas morreram neste domingo na Praça Tahrir – quatro atingidas por disparos de balas reais, segundo médicos de hospitais de campanha no centro da capital egípcia. Mohammed Fattuh, que dirige um hospital de campanha na Tahrir, afirmou ter recebido três novos corpos com marcas de tiros de balas reais.
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Antes, os médicos haviam relatado a morte de quatro pessoas – uma com um disparo de bala real e três por asfixia. Uma fonte do necrotério confirmou o registro. À noite, confrontos violentos ocorreram nas ruas próximas ao Ministério do Interior, situado nas imediações da Tahrir.
Manifestantes jogavam pedras e coquetéis molotov em direção aos policiais, que revidavam com tiros de fuzil e de balas de borracha. “Não sairemos” e “o povo quer a queda do marechal Hussein Tantaui”, governante de fato do Egito, gritavam os manifestantes, enquanto diversas pessoas eram retiradas do local feridas para receber atendimento médico.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem hostis ao poder militar, exigindo a saída de Tantaui, que lidera o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), no comando do país desde que Mubarak foi expulso do poder.
– O Conselho das Forças Armadas mantém a política de Mubarak, nada mudou depois da revolução – declarou Khaled, 29 anos, enquanto instalava uma tenda no centro da Praça Tahrir.
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Várias pessoas recolhiam bombas de gás lacrimogêneo e cápsulas. Os incidentes reavivaram os temores de que as eleições legislativas, que devem ser realizadas no dia 28 de novembro, sejam adiadas por vários meses. Um dos membros do CSFA, o general Mohsen al-Fangari, assegurou que haverá eleições como previsto e que as autoridades estão em condições de garantir a segurança.
– Não vamos ceder aos pedidos para adiar as eleições. As Forças Armadas e o Ministério do Interior são capazes de manter a segurança dos centros eleitorais – declarou.
Várias personalidades políticas e intelectuais, entre elas o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Mohamed ElBaradei, divulgaram um documento pedindo um prazo suplementar para essas eleições, como parte da revisão do calendário político do país.
As pessoas que assinaram o documento propõem que haja primeiro uma Assembleia Constituinte, depois eleições presidenciais e, por fim, legislativas. Os militares decidiram que a eleição presidencial será realizada em uma data não determinada, ao término deste processo político, e que apenas passarão o poder aos civis depois que um novo chefe de Estado estiver eleito.
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