Subiu para oito o número de casos suspeitos de febre amarela em Santa Catarina. Na semana passada eram seis casos, incluindo a morte de um homem em Lajeado Grande, que segue em investigação. Além disso, ainda na semana passada foi confirmada a primeira morte pela doença no Estado, porém a vítima de Gaspar contraiu a doença em São Paulo. Por isso, é considerado um caso importado.

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Segundo a Diretoria da Vigilância Epidemiológica de SC (Dive/SC), que divulgou o primeiro boletim da doença nesta quarta-feira, nenhum dos casos suspeitos tinha sido vacinado contra febre amarela. Dos nove casos notificados (contando a morte confirmada), oito tiveram histórico de deslocamento para fora de Santa Catarina nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas. Já um caso teve histórico de deslocamento para Área com Recomendação de Vacina dentro do Estado.

Dos nove casos notificados, sete residem em área sem recomendação de vacina (ASRV) (Gaspar, Timbó, Criciúma, São José, Florianópolis, Joinville) e dois em área com recomendação (São Joaquim e Lajeado Grande).

Efeitos adversos

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Também estão em análise dois casos de efeitos adversos à vacina, em Fraiburgo e Brusque. Segundo a gerente de imunização da Dive/SC, Vanessa Vieira da Silva, se a pessoa tem algum tipo de sintoma até 30 dias depois da vacinação serão feitos exames para ver se é um evento adverso. Esses dois pacientes apresentaram sintomas gerais, como dor abdominal, fraqueza, febre, muito semelhantes aos da febre amarela. Em Itajaí, também está sendo investigada uma morte que poderia ser por febre amarela, reação vacinal, leptospirose ou outras doenças.

— Como ela começou os sintomas dia 24 e tinha recebido a vacina dia 19, a gente obrigatoriamente precisa investigar a vacina também — diz Vanessa, que acrescenta que a mulher foi a São Paulo dia 21, ou seja, antes da vacina começar a fazer efeito.

Por ser uma injeção, uma dor local ou endurecimento da área são considerados normais, mas o que preocupa é quando aparecem sintomas mais graves, como fraqueza e febre, por exemplo. Nestes casos, o paciente precisa procurar uma unidade de saúde.

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A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, reforça que a vacina é bastante segura e que causa pouca rejeição. Mas uma a cada 500 mil ou 1 milhão de doses aplicadas pode desenvolver um evento adverso grave, que costuma ser mais incidente em pessoas acima de 60 anos.

— A febre amarela tem uma letalidade alta: 40 a 60% das pessoas que desenvolvem a doença vão a óbito. Então se vacinar contra a doença sempre foi uma questão de risco e benefício. Se você mora numa região que tem a circulação do vírus ou com recomendação da vacinação, ela deve acontecer. Agora se você mora em uma região que não tem casos, nem recomendação, não se vacine — defende.

Doença em macacos

A Dive também monitora os possíveis casos em macacos, que são os primeiros a denunciarem a circulação do vírus, que atualmente é restrita ao ambiente silvestre. No período de julho de 2017 a junho de 2018, foram notificadas 46 epizootias (doenças) com 64 mortes de macacos em 24 municípios de Santa Catarina. Seis mortes continuam em investigação.

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Mapa com municípios (em verde) de SC que fazem parte da Área com Recomendação de Vacina:

Importância da vacinação

Diante dos casos, a Dive/SC alerta para necessidade de vacinação contra febre amarela. Pessoas que vão se deslocar para os estados com transmissão ativa da doença (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia) e catarinenses que vão para as cidades com área de recomendação da vacina, devem se imunizar pelo menos 10 dias antes da viagem. Além disso, crianças com nove meses de idade, independentemente do local de residência, devem ser vacinadas conforme calendário nacional de vacinação em vigor em 2018.

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (30) as informações repassadas pelas secretarias estaduais de saúde sobre a situação da febre amarela no país. No período de monitoramento (de 1º de julho/2017 a 30 de janeiro de 2018), foram confirmados 213 casos de febre amarela no país, sendo que 81 vieram a óbito. Ao todo, foram notificados 1.080 casos suspeitos, sendo que 432 foram descartados e 435 permanecem em investigação, neste período. No ano passado, de julho de 2016 até 30 janeiro de 2017, eram 468 casos confirmados e 147 óbitos confirmados no país. Nenhum deles em Santa Catarina.

Clique aqui e confira os municípios de todo o Brasil que integram a Área com Recomendação de Vacina

Confira as principais informações sobre a doença: 

O que é a febre amarela?

É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes), que pode levar à morte em cerca de uma semana, se não for tratada rapidamente. Os casos de Febre Amarela (FA) no Brasil são classificados como febre amarela silvestre ou febre amarela urbana, sendo que o vírus transmitido é o mesmo, assim como a doença que se manifesta nos dois casos, a diferença entre elas é a área de ocorrência e os mosquitos vetores envolvidos na transmissão. Na FA silvestre, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus e os macacos são os principais hospedeiros; nessa situação, os casos humanos ocorrem quando uma pessoa não vacinada adentra uma área silvestre e é picada por mosquito contaminado. Na FA urbana o vírus é transmitido pelos mosquitos Aedes aegyptii ao homem, mas esta não é registrada no Brasil desde 1942.

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A doença é contagiosa?

A doença não é contagiosa, ou seja, não há transmissão de pessoa a pessoa. É transmitida somente pela picada de mosquitos infectados com o vírus da febre amarela.

Qualquer pessoa está em risco de contrair febre amarela?

Sim. Qualquer pessoa sem ter sido vacinada que viva ou visite áreas onde há transmissão da doença, pode ter febre amarela, independentemente da idade ou sexo. 

Quais os sintomas?

Os sintomas iniciais incluem febre de início súbito calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Entre 20 e 50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer. A doença pode levar à morte em cerca de uma semana, se não for tratada rapidamente. Nos casos que evoluem para a cura, a infecção confere imunidade duradoura. Isso quer dizer que você só pode ter febre amarela uma vez na vida.

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O que você deve fazer se apresentar os sintomas?

Depois de identificar alguns dos sintomas, procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas e se você observou macacos doentes ou mortos próximo aos lugares que você visitou. Informe, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela e a data.

Como a febre amarela é tratada?

Não há nenhum tratamento específico contra a doença. O médico deve tratar os sintomas, como as dores no corpo e cabeça, com analgésicos e antitérmicos. Salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. O médico deve estar alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clínico. Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença.

Como a doença pode ser evitada?

A única forma de evitar é através da vacinação. A vacina está disponível gratuitamente durante todo o ano nas salas de vacinação. 

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Quem deve se vacinar em SC?

Todos os moradores dos 162 municípios catarinenses que integram a Área com Recomendação de Vacina contra Febre Amarela (ACRV). Confira a lista aqui. 

Os bebês de nove meses de todas as cidades catarinenses precisam se vacinar. Essa foi uma mudança no calendário de vacinação deste ano. 

As pessoas que residem ou viajam para regiões silvestres, rurais ou de mata de qualquer um dos municípios brasileiros considerados ACRV. Quem ainda não é vacinado e pretende viajar para essas áreas deve procurar um posto de vacinação pelo menos 10 dias antes da viagem. Recentemente a OMS considerou todo o Estado de São Paulo área de risco, embora o Ministério da Saúde defina alguns municípios. SC definiu que aplicará vacina nos catarinenses que irão visitar qualquer cidade paulista. 

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Alguns países também exigem a vacina. Confira quais são no site da Anvisa 

Quantas doses são necessárias?

Desde 2017, o Ministério da Saúde resolveu seguir orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e recomenda apenas uma dose da vacina. Então aqueles que já tomaram uma dose da imunização não precisam mais se preocupar. Os viajantes que têm o certificado internacional da vacina contra a febre amarela já emitido, mesmo que esteja escrito que a validade está vencida, também não precisam fazer a renovação, segundo a OMS.

Pode tomar mais de uma dose?

Segundo orientação do Ministério da Saúde não há necessidade de tomar mais de uma dose. Mas caso a pessoa não lembre se já está imunizada e tome mais de uma dose, por exemplo, não tem problema. 

Onde se vacinar?

As doses estão disponíveis em salas de vacinação em todos os municípios do Estado. Confira os endereços aqui. Como os municípios estão se organizando, vale ligar para o posto antes para checar, já que pode ter horários e dias específicos de atendimento.  

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O que levar para poder se vacinar?

A caderneta de vacinação e identidade. Quem não tiver a caderneta, pode se vacinar também, mas é fundamental levar o documento de identificação. Não é necessário comprovante da viagem, apenas indicação de qual lugar irá visitar. 

Quais são as contraindicações?

A vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas. Em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação para estes grupos.

Depois de quanto tempo após receber a vacina febre amarela, é possível doar sangue?

A doação de sangue só poderá ser feita após 28 dias do recebimento da vacina. 

Fonte: Ministério da Saúde e Dive-SC

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