Em sua primeira entrevista após deixar o cargo de ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS) negou a relação entre sua saída do governo e o apoio do PMDB ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Continua depois da publicidade

AO VIVO: acompanhe os desdobramentos em Brasília do pedido de impeachment

Com exclusividade para Zero Hora, Padilha explicou que motivos pessoais pesaram na decisão. Ele redigiu a carta de demissão na terça-feira, 1º de dezembro, antes de Eduardo Cunha aceitar o pedido e dar andamento na tramitação do afastamento.

Rosane de Oliveira: PMDB espera derrubar Dilma em até quatro meses

Carolina Bahia: o destino de Padilha

Continua depois da publicidade

Padilha só conseguiu falar com a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira. Ele nega que o vice Michel Temer esteja conspirando para assumir o governo e admite que o PMDB está dividido sobre o impeachment.

Carta de demissão de Padilha

Foto: Guilherme Mazui / Agência RBS

Com a saída da Esplanada, o gaúcho foi convidado por Temer para ocupar a secretaria-executiva da presidência do PMDB. Vai despachar de um gabinete que a presidência do partido tem no Congresso. Confira os principais trechos da entrevista.

“Não podemos parar o país até fevereiro”, diz Dilma

Temer deve se reunir com integrantes do PMDB na noite desta segunda-feira

Por que o senhor deixou o governo?

Foi uma questão administrativa. Recebi um programa com uma realidade orçamentária que foi mudando na medida em que a crise chegou. Com os cortes não dei resposta aos compromissos que havia assumido. Tem uma fila de senadores e deputados me cobrando, me sinto constrangido.

O governo derrubou a indicação de um nome defendido pelo senhor para um cargo na Anac. Até que ponto isso pesou na sua saída?

Continua depois da publicidade

Foi a gota d’água, me senti desautorizado. Não estou reclamando do governo nem da presidente. Foi um conjunto de fatos e tive de me curvar.

Qual a maior frustração nesse período?

Não consegui dar continuidade ao acordo desenhado entre Moreira Franco, Tarso Genro e Infraero de incluir na concessão do Salgado Filho a obrigatoriedade a construção do (novo aeroporto) 20 de Setembro. Sabemos que o Salgado Filho tem data para ficar saturado.

Comenta-se que o senhor vai usar sua experiência em mapear votações a favor do impeachment. Procede?

Bobagem, isso não tem nada a ver com impeachment. Vou me dedicar a organizar o partido para as eleições de 2016 e 2018.

O senhor acredita que a abertura do processo de impeachment passará na comissão e no plenário da Câmara?

Continua depois da publicidade

É muito cedo para tirar uma conclusão.

Juristas chamam impeachment de “golpe” e falam em “capricho” de Cunha

“Dilma precisou de 30 juristas para responder”, diz Reale Jr.

O senhor é a favor ou contra o impeachment?

O PMDB está dividido. Quem tomar a posição de A ou B corre o risco de perder o controle do partido. É preciso afinar a discussão interna diante de um processo que é legal. Essa discussão começa hoje.

Por que o vice Michel Temer não se pronuncia sobre o impeachment?

Porque é preciso respeitar a discussão interna do partido. O partido está dividido.

O senhor teme que fique a imagem de que o vice-presidente está conspirando? Só pode falar em conspiração quem não conhece o Michel ou quem quer desestabilizar o governo. Quem fala isso quer que o governo brigue com o Michel.

Outros ministros do PMDB vão deixar o governo?

Que eu saiba, não.

Michel Temer já negocia com o PSDB apoio em um eventual governo Temer?

Michel não trata de nenhum governo Temer, eu não trato de governo Temer. Historicamente o Michel dialoga com todos os partidos.