Uma história de angústia, sofrimento e esperança teve um desfecho feliz para uma moradora de Joinville no início do mês: Patrícia Depiné, moradora do bairro Costa e Silva, encontrou a mãe que não via há 28 anos.

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O ano era 1984, Regina Depiné estava com 25 anos e era mãe solteira, vivia com a filha Patrícia, de três anos e meio, em um sítio no interior de São Bento do Sul. No local, trabalhava como doméstica em uma família de 11 filhos.

Dores de cabeça que surgiram de forma repentina e que aos poucos a foram debilitando a ponto de não conseguir trabalhar a obrigaram a tomar uma decisão difícil: saúde fragilizada e quase nenhum dinheiro, deixou a filha no sítio, em 1984, para ir a Curitiba se tratar. Optou por Curitiba por ser a cidade de sua família que, conservadora, não aceitava o fato de Regina ser mãe solteira.

Após 30 dias de idas e vindas do hospital, Regina voltou a trabalhar como doméstica para juntar dinheiro e buscar a filha. Seis meses se passaram até que conseguiu o dinheiro necessário para o retorno a São Bento, mas quando chegou ao sítio, uma surpresa: Patrícia não estava mais lá. Com a demora e a falta de notícias de Regina, a menina foi entregue a uma família em Rio Negrinho.

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Regina foi até o novo endereço da filha, enfrentou a recusa da família para vê-la e frustrou-se quando, cara a cara com Patrícia, na época com quatro anos, percebeu que ela não a reconhecia mais. Ouvir a menina chamar outra pessoa de mãe só a fez decidir pelo mais difícil outra vez: deixou Patrícia com a nova família.

Alguns meses depois, Regina resolveu fazer nova tentativa e enfrentou um drama. A família que estava com Patrícia disse que ela havia morrido.

Vida em Joinville

Enquanto isso, Patrícia crescia e começava a se dar conta de que não conhecia a mãe biológica e, apesar de saber que tinha sido abandonada, nunca se revoltou. Pelo contrário, nutria forte vontade de conhecê-la.

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Patrícia viveu até os 15 anos em Rio Negrinho, quando se mudou para Joinville para tentar a vida. Casou duas vezes, teve dois filhos e fez inúmeras amizades, mas nunca abandonou o sonho de conhecer a mãe, da qual só sabia o nome, já que permaneceu com o sobrenome de Regina.

Há dois meses, por meio de uma cobrança feita via SMS, que foi enviada ao celular do irmão de Patrícia, Regina soube que a filha não só estava viva, mas morando muito perto, em Joinville.

Em 28 de junho, Patrícia foi surpreendida pelo momento que aguardou a vida toda. Recebeu o recado de uma das sobrinhas de que a sua mãe havia telefonado. Pensando ser a mãe de criação, Patrícia ligou e ouviu a voz de Regina.

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– Fiquei com o coração a mil, não conseguia dormir e nem comer -, conta Patrícia.

Agora, mãe e filha, que se reencontraram em 1º de julho em Massaranduba, fazem planos de se ver novamente no aniversário de Regina, dia 22. E o sonho de Patrícia passou a ser outro, trazer a mãe para viver com ela em Joinville.

– O que eu mais quero é cuidar dela -, diz, entusiasmada.