Você pode até nunca ter ouvido o termo, mas se é morador de Itajaí ou Balneário Camboriú , provavelmente já presenciou um backflip ou um double flip pelas ruas das cidades – ou pelo menos uma tentativa. As manobras do skate fazem parte do cotidiano de quem adotou o esporte sobre quatro rodinhas. Mas a falta de um local adequado para a prática, muitas vezes coloca em risco a segurança dos usuários e atrapalha o sossego de moradores.

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Na semana passada, circulou nas redes sociais um vídeo de um skatista de Balneário Camboriú segurado ao Bondindinho. Agachado, com os pés sobre o skate, o garoto percorre um trecho da Avenida Atlântica arrastado pelo veículo. Ao se soltar, ele se desequilibra e cai sobre a via. O vídeo teve mais de 32 mil visualizações e rendeu vários comentários pontuando a imprudência do jovem.

Por conta disso, a Secretaria de Segurança está instruindo os guardas municipais a notificarem os skatistas. O secretário Dão Koeddermman diz que os agentes vão cobrar mais prudência dos esportistas.

– Eu vi o vídeo e isso não pode acontecer – diz.

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É notório que os skates são cada vez mais comuns em praças, parques, pistas e nas ruas. A boa fase de brasileiros que têm no skate uma profissão, como o catarinense Pedro Barros e lendas como Sandro Dias, pode ter contribuído para isso. A maioria dos skatistas não profissionais atribui o fenômeno a melhores espaços para a prática.

Skatista há cinco anos, Leonardo Henrique, 17 anos, diz que o asfaltamento de ruas e criação de praças com piso liso em Balneário Camboriú tem atraído praticantes de todas as idades. É o caso da Praça da Bíblia, atrás do Atlântico Shopping.

– Tem um cara que é advogado que anda de skate aqui, tem criança pequeninha, tem de tudo – diz.

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Piloto de helicóptero, Abílio Ramos, 44 anos, sequer se lembra da primeira vez que pisou num skate e se queixa da falta de espaços específicos. Morador do Centro de Balneário Camboriú, ele vai até a Barra Sul para praticar com segurança.

– Eu até me arrisco a andar na rua, mas com o Samuel (seu filho) não dá – explica.

Aos seis anos, Samuel mostra habilidade sobre rodinhas e fica atento para receber as dicas do pai. Ele disputa espaço na única pista da cidade com todos os skatistas que aparecem por lá.

Fiscalização coíbe o vandalismo

Desde quinta-feira da semana passada, a Guarda Municipal intensificou a fiscalização de skates justamente na Praça da Bíblia, em Balneário Camboriú. De lá para cá, pelo menos 10 adolescentes tiveram os skates recolhidos.

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A ação desagradou os adeptos do esporte. Mas a Secretaria de Segurança adverte que a medida foi necessária porque muitos estavam usando bancos, vasos e corrimões como pista de skate e causando a depredação.

Quem teve o skate recolhido, pôde reavê-lo indo até a sede da Guarda Municipal acompanhado dos pais. Para driblar a fiscalização, Leonardo Henrique de Camargo, usa obstáculos que encontra na rua para as manobras. Ontem, um caixote de madeira que fazia parte da decoração de Páscoa, que foi para o lixo, virou uma espécie de rampa.

Itajaí é exemplo

Enquanto Balneário Camboriú tem apenas uma pista de skate, Itajaí tem cinco. Elas ficam nos bairros Cordeiros, Fazenda, São Vicente, Praia Brava e a principal na Avenida Beira-rio. Em Balneário, a única pista é a da Barra Sul.

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Por conta disso, a Coordenadoria de Trânsito (Codetran) quase não registra acidentes com skatistas na cidade. Também não são necessárias fiscalizações, a exemplo de Balneário.

– Pela geografia da cidade, diferente de Balneário que tem só duas ruas principais, os skatistas aqui estão espalhados e também há mais pistas e parques – diz.

Em Balneário Camboriú, apesar de muitos serem flagrados andando de skate entre os carros, também não foram registradas ocorrências graves envolvendo skatistas.

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Mesmo assim, a fiscalização continuará sendo intensa, também para que os praticantes não andem com os skates sobre as calçadas, correndo o risco de atropelar os pedestres.

O secretário de Planejamento de Balneário Camboriú, Auri Pavoni, diz que o município tem a intenção de construir outras pistas para a prática do esporte, mas ainda não há indicações de onde elas serão feitas nem quando a ação deve ocorrer.