A skatista trans Lu Neto competiu na categoria masculina por 18 anos antes de decidir iniciar sua transição para o feminino e assumir sua nova identidade. A partir de 2024, Lu vai poder competir ao lado das outras meninas em campeonatos de skate, conforme os novos parâmetros adotados pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk) a partir de 28 de setembro deste ano.
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Lu Neto, de Florianópolis, duas vezes Campeã Brasileira de Skate no masculino, quando se identificava como Luiz Neto, pretende competir na categoria feminina diante das novas diretrizes da CBSk. Ela está no sexto mês da transição e vai ficar outros seis sem disputar nenhum campeonato, para atender ao regramento que exige mínimo de um ano de tratamento para troca da categoria masculina para feminina.
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Lu começou sua transição de gênero em maio deste ano, mas o desejo existiu desde quando era adolescente.
– Eu sempre fui mais delicada, gostei de usar maquiagem e roupas mais justas. Desde os 15 anos eu tive essa vontade – relatou.
O skate sempre fez parte da vida de Lu. Ela começou a competir aos 11 anos, e a correria da vida de atleta trouxe dúvidas e preocupações sobre a transição de gênero.
– Já queria fazer essa transição há muitos anos, mas por conta de patrocinadores e pela cena de skate não discutir muito esse assunto, demorei por medo de não ser aceita.
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Quando Lu começou a namorar sua atual companheira, no início deste ano, a rotina acalmou e ela conseguiu tirar um tempo para cuidar de si. Foi nessa época que ela sentiu que era a hora certa para fazer essa mudança, e decidiu começar a transição.
O primeiro mês de tratamento hormonal foi o mais difícil. Com o corte da testosterona, Lu perdeu a força e a energia que tinha antes, e passou esse tempo longe das pistas. Mas com o apoio da família, da namorada e dos torcedores, ela ultrapassou as dificuldade e prosseguiu com a transição.
No início da transição, antes do novo regramento da CBSk, Lu havia decidido continuar competindo na categoria masculina. Pelo nome Lu Neto, e já sendo uma menina trans assumida, ela conquistou o 2º lugar na 1ª etapa do Circuito Brasileiro de Street Skateboarding Profissional em julho, e participou da 2ª etapa, o Drop Dead Skate Pro, em agosto.
Na terceira etapa do Circuito Brasileiro de Street Skateboarding Profissional, em setembro, ela já percebeu que o desempenho não era mais o mesmo. Apesar de ter ficado entre os 17 finalistas, na 3ª posição, ela sentiu que não foi tão bem e que sua performance estava caindo conforme o tempo do tratamento passava.
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No STU de São Paulo, no fim de setembro, a skatista sentiu mais a mudança do corpo com a transição, e não avançou para semifinal.
– Os obstáculos eram muito grandes, e eu não tinha a força e a energia para fazer as manobras. Foi uma frustração muito grande porque eu já não andava como antes e comecei a culpar outras coisas, como o shape, a roda, o tênis. Foi quando eu percebi essa mudança para o corpo feminino e parei de dar desculpa para as coisas e entendi que eu mudei.
– Assim como a maioria das pessoas pensa que uma mulher trans tem a mesma força que um homem cis, eu também pensava. Por isso me precipitei no meu primeiro mês de transição, quando falei que ia continuar competindo masculino.
A decisão da CBSk de adotar as mesmas regras do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Federação Internacional da modalidade e pela Agência Mundial Antidopagem (WADA) para a participação de atletas trans em competições homologadas coincidiu com essa fase de dificuldades da Lu.
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A CBSk conversou com a Lu antes da divulgação das novas diretrizes para competidores transgêneros e convidou a atleta para ser o rosto dos skaters transgêneros e introduzir essa novidade no meio do skate.
– Eu já cheguei a pensar “eu conquistei tanta coisa, foi uma luta tão grande, será que vale a pena desistir do Luiz Neto? Mas nada a ver, quem passa por isso sabe que só de se olhar no espelho, tu já se sente infeliz.
– Mas essa vai ser uma nova história, uma nova luta e meu plano é levantar essa bandeira e fazer com que a galera mude o pensamento e perceba que o Brasil ganhou uma inclusão social muito legal, com uma menina trans representando o país no skate.
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