Todos os dias, Steffany Schaberli, 19 anos, moradora do Canto do Lamin, voltava de ônibus para casa, no bairro do Norte da Ilha. O ponto localizado às margens da SC-401, no sentido Centro-bairro, era o destino final da jovem, após um longo dia de trabalho e estudo.

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Naquela segunda-feira, 4 de fevereiro, teve de ir caminhando para casa, pois não havia ônibus noturno, devido aos atentados criminosos. Ganhou carona da mãe de um amigo até parte do caminho na rodovia, e morreu após ser atropelada por um motorista alcoolizado, quando tentava cruzar as pistas da estrada.

Com medo de ser vítima de assalto ou estupro em um túnel precário sob a via, a jovem optou por não utilizar a estrutura dos pedestres e se arriscou caminhando no asfalto.

O túnel em questão já foi assunto na Hora três vezes. O local é escuro, está em péssimo estado, cheio de pichações, com mau cheiro. Deveria servir somente para passagem de pedestres e ciclistas, mas virou atalho para motociclistas. À noite, ponto de tráfico, de drogados e prostituição.

Moradora relata os assaltos

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Dona de um mercado no bairro, Yara Maria Pires relata que conhece, no mínimo, seis pessoas que já foram assaltadas no local.

De acordo com o gerente Luciano Renzetti, da SQ Luz (consórcio que cuida da iluminação pública na Capital), somente neste ano já foram substituídas três vezes as lâmpadas do túnel. Mas a ação de vândalos é constante e eles voltam a destruir.

Tinha medo de usar a estrutura

A mãe de Steffany, Janete Schaberli, lembra que a filha sempre comentou que tinha receio de utilizar a passagem subterrânea. Muitas vezes, quando voltava do curso de técnica de enfermagem, tinha a companhia de mais colegas, que se reuniam para passar juntas pelo local.

– Parece que ela sentia que algo podia acontecer, pois chegou a me falar que preferiria morrer atropelada do que ser estuprada no local. Penso que uma passarela seria a melhor solução para o local – disse Janete.

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A irmã Wevelyn, 22 anos, tatuou no braço o nome da irmã, que ela descrevia como uma menina meiga, cheia de amigos.

– Sempre tive medo de fazer uma tatuagem, mas, na semana passada eu tomei esta decisão. Agora ela vai estar sempre comigo, de alguma forma – disse a irmã, que voltou a morar com a família depois da perda.

Comunidade quer passarela

A comunidade reclama da falta de segurança no túnel e no entorno, e quer uma passarela de pedestres. A Polícia Militar Rodoviária faz rondas na região, mas disse não ter efetivo para deixar uma viatura só no local.

O sargento Claudio, do Posto 1, na SC-401, acredita que uma passarela seria uma solução eficiente.

Segundo engenheiro Cléo Quaresma, do Deinfra, antes da duplicação da rodovia, em 2011, a comunidade foi ouvida e decidiu por um acesso subterrâneo. Ele disse que, atualmente, não existe nenhum projeto para uma passarela.

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Álcool no sangue de condutor

A reportagem teve acesso ao laudo entregue pela polícia à família, que mostra que o condutor apresentou teor alcóolico 1.6 no sangue. Ele foi preso em flagrante, pagou fiança e foi liberado. A atual lei seca, que já estava em vigor no dia do acidente, prevê tolerância zero para o consumo de álcool e direção.