A incursão no interior dos muros do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) da Grande Florianópolis, em São José, nas margens da BR-101, conclui que o lugar ainda é pouco utilizado diante da área disponível e à espera de mais internos.
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Isso acontece porque o Judiciário não autoriza a utilização de todas as 90 vagas enquanto não houver a contratação de mais funcionários e forem implementadas atividades pedagógicas – hoje apenas 40 vagas são utilizadas.
Aberto há nove meses, o espaço fica no mesmo terreno onde funcionava o demolido São Lucas, antigo palco de torturas, rebeliões e fugas. O novo centro é considerado o mais moderno, amplo e seguro para adolescentes infratores de Santa Catarina.
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Das sete casas de internação, apenas três estão ocupadas. Na entrada há vigilância terceirizada. Depois, a recepção, ao lado o setor administrativo e em frente o de revistas a visitantes.
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Paredes e pintura novas, cerca e muros intactos dão a primeira impressão, além do ginásio e outras duas quadras esportivas abertas. As portas de ferro contam com cadeados. Durante o dia, os adolescentes têm aula, atividades físicas, ocupacionais e lazer como futebol e ping-pong.
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Há consultórios de saúde, uma enfermeira e quatro auxiliares de enfermagem, três psicólogos, três profissionais de serviços sociais e uma pedagoga, sala com televisão, arena para teatro ao ar livre e capela. Tudo monitorado por 100 câmeras.

Arena ao ar livre para teatro: unidade se destaca pela infraestrutura.
As celas na verdade são quartos fechados e sem grades, há chuveiro quente, vaso sanitário e colchões. Ao todo, são cinco refeições ao dia.
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Uma sala com computadores está pronta e a gerência promete liberá-la ainda este mês, assim como instalar uma mecânica de motos. O contato entre agentes e internos é de intenso diálogo e observação.
“É preciso formação mais adequada”
“A realidade hoje é muito melhor”
Mas nem tudo é tranquilidade e harmonia. Há internos que cometeram infrações graves, são ligados a facções criminosas, ameaçam e não raro partem para agressão física. O agente anda desarmado dentro da unidade.
Falantes e fora da “vida loka”
Os adolescentes são falantes. Brincam pedindo fotos, perguntam como está a vida lá fora. Garantem que vão sair mudados e que a “vida loka” ficou para trás. Dos ouvidos pela reportagem, quase todos disseram ser usuários de maconha, outros de cocaína. Um deles comentou ser surfista, levou elogio da professora pelos desenhos e trabalhos manuais.
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Qual a bronca que cometeu?
– Dei 14 facadas num (garoto) porque ele era homoafetivo. Estou arrependido – diz.
A direção do Case tem a expectativa de aumentar gradativamente a ocupação ainda este ano com a contratação de temporários. Já para 2016 está prevista a vinda de mais agentes concursados.
Case Grande Florianópolis (São José)
Data da construção da unidade: 2014
Número de servidores: 150 (destes, 115 são agentes)
Ponto mais crítico: a unidade enfrenta falta de funcionários para preencher todas as vagas abertas de internos
Ponto de destaque: unidade nova, moderna e modelo de acordo com normais do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo)
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Registro de fugas: uma em dezembro de 2014, quando 11 adolescentes fugiram