Três meses após a inauguração, a Penitenciária Industrial de Blumenau recebe os primeiros moradores nesta terça-feira. A transferência de 14 detentos condenados – que estavam no Presídio Regional – representa um momento simbólico para a história da cidade, que durante anos lutou para ver a demanda carcerária ser atendida pelo Estado.

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A primeira transferência pode ser vista como um recomeço, uma chance de escrever de uma maneira diferente a história do sistema prisional de Blumenau, até então marcado por fugas e graves problemas estruturais e administrativos – e que levaram o Presídio Regional a ganhar o título de “pior do Estado”.

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O Departamento de Administração Prisional (Deap) atuou na conscientização dos presos condenados, trabalhando junto a eles a mudança de local. A psicóloga Jociane Mariano Robetti, que acompanhou o processo, disse que não houve resistência aparente.

– Como não existia penitenciária na cidade, a chance de eles irem para outra comarca era grande e isso mexe na estrutura familiar – explica.

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A meta do diretor da penitenciária, Marco Antônio Elias Caldeira, é transferir semanalmente 30 detentos do presídio regional, no Salto Weissbach, para a nova estrutura, no bairro Ponta Aguda, até alcançar o número de 325 homens. O que resta para preencher as 599 vagas da Penitenciária Industrial ficará à disposição da Justiça, mas Caldeira antecipa que poderá atender a demanda de municípios da região, como Indaial, Brusque e Itajaí.

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– Iremos receber os presos gradativamente. Fizemos um cronograma de ocupação para fazer a ambientação dos presos e para que possamos passar todo o procedimento para eles – afirma.

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Segundo o administrador, as tratativas estão avançadas com empresas para que elas se instalem na penitenciária e ofereçam trabalho aos presos.

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Nas últimas semanas o Santa ouviu moradores e comerciantes das redondezas do Presídio Regional, pessoas ligadas a diversas áreas do Direito Penal e da Justiça e um ex-detento, que acompanharam o processo gradativo de superlotação e degradação do sistema que está com os dias contados a partir desta terça-feira, segundo o Estado.

Pela voz destas pessoas, mostramos o que deu errado no passado. São exemplos para que as novas administrações permitam que a penitenciária cumpra seu papel social: respeitar os direitos humanos, punir o cidadão com a privação da liberdade, ressocializá-lo e dar condições para que ela contribua com a sociedade ao sair do cárcere.