O trânsito é o responsável pelo maior número de óbitos de crianças por acidentes no país e, na maior parte dos casos, é a criança pedestre a principal vítima. Os atropelamentos correspondem a 38% das 1.895 mortes de crianças até 14 anos no trânsito (dados de 2010 do Ministério da Saúde) e o caminho até a escola quase sempre é repleto de riscos. Para mobilizar pais, familiares, comunidades, escolas, instituições e órgãos públicos a prevenir este acidente, a ONG Criança Segura lança no Brasil o Guia Ônibus a Pé.

Continua depois da publicidade

O Ônibus a Pé, conhecido internacionalmente como Walking Bus, é um sistema que incentiva pais, familiares, responsáveis e voluntários a conduzir as crianças até a escola de maneira segura e alternativa. Com a publicação, os interessados poderão aprender como adotar o sistema em suas comunidades: planejamento de trajetos e horários, controle de riscos do percurso, envolvimento das crianças, perfil e treinamentos dos voluntários que vão conduzir o grupo etc.

Um breve levantamento feito voluntariamente por mobilizadores da ONG Criança Segura, que envolveu 1.349 alunos de 7 a 13 anos de escolas em 16 municípios do Brasil, confirmou: 78% destas crianças já foram atropeladas pelo menos uma vez por bicicleta e 21% já foram atropeladas por veículos motorizados como ônibus, caminhões, carros e motos. A maior parte destas crianças confirmou que vai a pé para a escola (43%) sendo 65% acompanhadas, principalmente dos pais (46%).

Estudos mostram que os atropelamentos com crianças acontecem geralmente à tarde, no bairro em que moram, em dias úteis e vitimam meninos duas vezes mais que meninas com idade média de sete anos (Marcelo Alves, pesquisa de 2001, realizada em Curitiba/PR, de janeiro de 1995 a dezembro de 2000).

O Guia Ônibus a Pé está disponível para download gratuito no site da Criança Segura e marca o lançamento da Semana Mundial de Segurança Viária, que acontece de 6 a 12 de maio de 2013, promovida pela Década de Ação para Segurança Viária 2011 – 2020 e terá a prevenção de atropelamentos como tema principal.

Continua depois da publicidade

Mais sobre o Ônibus a Pé

O sistema nasceu na Inglaterra e já é bem difundido na Nova Zelândia e em países da Europa e América do Norte. As crianças são levadas à escola a pé, em pares, usando roupas com alta visibilidade como coletes refletores. Os monitores voluntários responsáveis pela segurança de todos durante o trajeto compartilham basicamente duas responsabilidades: um que vai à frente do grupo com a função de “motorista” e o outro que segue atrás desempenhando o papel de “monitor”. As crianças são recolhidas nos pontos de parada do Ônibus a Pé de acordo com os horários estabelecidos. Para que este sistema funcione, é de crucial importância o engajamento dos pais que disseminarão a seus filhos a importância do trabalho coletivo.

A criança e o trânsito

Os pequenos estão muito mais vulneráveis aos perigos do sistema trânsito: nem sempre estão acompanhados de um adulto; têm dificuldade de julgar tempo e distância e, consequentemente, a velocidade dos carros; tem pouca experiência no trânsito; por sua pequena estatura podem não ser vistos pelos motoristas; misturam imaginação com realidade, sendo capazes de acreditar que um carro pode parar instantaneamente à sua frente; não distinguem a direção do som; por ter a visão periférica limitada, não conseguem ver um carro que vem pela lateral.

Entre os acidentes de trânsito com crianças, o atropelamento é o que mais faz vítimas. Segundo dados mais atuais do Ministério da Saúde (2010), 711 crianças de até 14 anos morreram e 7.392 foram hospitalizadas vítimas de atropelamentos. O ambiente em que transitam as crianças apresenta um grande potencial de risco e poucas condições de segurança para os pedestres.

Entre outros fatores que causam o atropelamento, está a ausência de uma campanha educativa para motoristas e pedestres, desrespeito aos limites de velocidade, falta de calçadas, sinalização ineficiente, vias e rodovias projetadas sem os devidos cuidados para pedestres e a falta da cultura do respeito às leis.

Continua depois da publicidade