A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) enviou um comunicado, neste sábado, para se solidarizar com os jornalistas agredidos durante as manifestações que ocorreram nas últimas semanas em todo país, e para pedir que as autoridades garantam a segurança dos profissionais e meios de comunicação.
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Confira o texto na íntegra:
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) exige que sejam investigados os responsáveis pelas agressões e ameaças contra jornalistas e meios de comunicação no Brasil durante a cobertura das manifestações populares, o que impede o pleno exercício da liberdade de imprensa justamente em um momento em que a informação é imprescindível para a cidadania.
Ao mesmo tempo, a SIP se solidariza com os profissionais agredidos e demanda das autoridades a garantia de segurança a todos os jornalistas no exercício de seu trabalho.
A organização está alerta também quanto ao fato de que, no Rio Grande do Sul, manifestantes radicais tentaram atacar o prédio do Grupo RBS (onde funcionam os jornais Zero Hora, Diário Gaúcho e a Rádio Gaúcha), e tiveram de ser contidos pela Brigada Militar, que usou bombas de gás e balas de borracha para dispersar os agressores que jogavam pedaços de paus e pedras contra os policiais.
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Segundo informou a polícia, militantes discursaram ao microfone defendendo a destruição do prédio de empresas de comunicação, do Palácio Piratini (sede do governo estadual) e do Palácio da Justiça, que chegou a ser vandalizado na primeira manifestação.
Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, disse que, “pese a legitimidade de qualquer protesto popular, não existe nenhuma justificativa para que os jornalistas e meios de comunicação sejam agredidos ou ameaçados. “Justamente em um período de conflito, a melhor garantia para os cidadãos é que a informação possa fluir sem problemas”.
Paolillo, diretor do semarário Busqueda do Uruguai, disse que “as autoridades brasileiras devem empenhar todo seu esforço para garantir a proteção de jornalistas e meios, já que a liberdade de imprensa é imprescindível para que se conheçam os abusos e também as soluções, assim como assegurar os direitos e deveres constitucionais de todos os cidadãos”.
Desde o dia 13 de junho de 2013, quando policiais dispararam contra os jornalistas que estavam fazendo a cobertura em São Paulo, e prenderam repórteres, fato documentado em vídeos e fotos divulgadas pela Internet, as agressões se acirraram. No decorrer dos protestos, outros profissionais foram agredidos, ora pela polícia, ora por manifestantes.
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Entre eles: Vagner
Magalhães (Portal Terra), Fernando Mellis (Portal R7), Gisele Brito (Rede Brasil Atual), Leandro Morais (UOL), Fabio Braga, Marlene Bergamo, Félix Lima, Ana Krepp, Rodrigo Machado e Giuliana Vallone – que levou um tiro de bala de borracha no olho e ficou internada no Hospital Sírio Libanês (todos da Folha de S. Paulo) e Henrique Beirange e André Américo (jornal Metro). Foram vítimas de detenções arbitrárias os profissionais Pedro Ribeiro Nogueira (Portal Aprendiz), Piero Locatelli (Carta Capital) e Fernando Borges (Portal Terra).
No dia 17 de junho, o jornalista Caco Barcellos, da Rede Globo, foi hostilizado e impedido de trabalhar por um grupo de aproximadamente 100 manifestantes que participavam da concentração no Largo da Batata, em São Paulo. Usado para atenuar os efeitos do gás lacrimogêneo, manifestantes jogaram vinagre nos olhos da repórter Rita Lisauskas, da TV Bandeirantes, também em São Paulo.
Após ter uma de suas unidades móveis incendiada pelos manifestantes de São Paulo no dia 19 de junho, a Rede Record decidiu evitar colocar outros veículos na rua e, devido às ameaças, limitou o número de repórteres nas ruas durante o protesto e decidiu adotar a mesma prática da Globo e retirar a logomarca de seus microfones. Na noite do dia 20 de junho, durante protestos realizados no Rio de Janeiro um carro de reportagem do Grupo SBT foi queimado por manifestantes próximo à Prefeitura da cidade, e Pedro Vedova, repórter da GloboNews, foi atingido por um tiro de bala de borracha na testa.
Paolillo disse que a SIP se manterá em alerta e vigilante sobre o desenvolvimento dos conflitos no Brasil e exigindo que se respeite a liberdade de imprensa.
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