Santa Catarina possui quatro pessoas identificadas com o vírus do sarampo. Os dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC) apontam que, desses casos, três ainda aguardam os resultados de retestes para confirmar a infecção pelo vírus que causa a doença. Os exames estão sendo feitos na Fiocruz, que é o laboratório de referência no Brasil.
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Os casos foram identificados entre os dias 17 e 31 de julho. Segundo a Dive/SC, nenhuma das vítimas possuía comprovação vacinal contra a doença. Apesar de todos o casos serem importados, os dados acendem o alerta para circulação da doença no Estado.
O médico infectologista da Dive/SC, Luiz Escada, explica que o sarampo é causado por um vírus extremamente contagioso. É transmitido com grande facilidade por secreções, como saliva e catarro da pessoa contaminada.
É considerada uma doença de infância, pois ocorre especialmente nos primeiros três anos de vida, com duração entre uma e duas semanas. Porém, para os adultos tende a trazer mais transtornos.
— O que determina a gravidade da doença é como o seu corpo reage a isso. No caso dos adultos o sistema imunológico já está formado, então a defesa do organismo será mais agressiva, intensificando os sintomas — comenta Escada
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Entre os sintomas, o infectologista destaca a febre alta, tosse com muito catarro e também conjuntivite. O médico ressalta que o paciente que foi contaminado pelo vírus tem "cara de sarampo".
Nota-se que o rosto da pessoa fica diferente, com olhos caídos, muita secreção e cansaço. É apenas no quarto ou quinto dia de febre que surgem as manchas vermelhas no corpo. O Rash que são as manchas, é um sinal de que o organismo está produzindo anticorpos a partir daí a febre costuma diminuir — orienta o médico.
Além desses sintomas, há também o chamado sinal de "koplik", que são pontos brancos na boca e pode ser associado a complicações do caso. Se os sintomas não passam após dois ou três dias, aí presume-se piora pelo próprio vírus do sarampo ou outras doenças como pneumonia e otite bacteriana, podendo levar à morte. Essa situação atinge mais gravemente os desnutridos, recém-nascidos, gestantes e portadores de imunodeficiências.
Prevenção é a única alternativa
O médico diz que o avanço da doença em Santa Catarina preocupa especialmente pela baixa adesão às vacinas. Ele ressalta que não há um tratamento específico para o sarampo e que, após o contágio, o trabalho com medicação é para combater os sintomas. A única forma efetiva de evitar a doença é com a vacinação.
— A vacina é extremamente eficaz, os estudos indicam índices acima 94%, pois é realizada com vírus atenuado vivo. Essa como a da pólio e febre amarela tem um poder maior. Isso acontece por que quando se tem um microorganismo vivo ele se multiplica e produz os anticorpos. É como se você injetasse um vírus semelhante, sem os riscos da doença — afirma Escada.
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Desde 2016, o Estado não atinge a meta de imunização estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS). De acordo com o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), no primeiro semestre deste ano o Estado vacinou 87,7% da população, enquanto o recomendado pelo governo federal é de no mínimo 95%.
— Todos que não tomaram as duas doses recomendadas devem ser vacinados. Até mesmo a pessoa que não tem certeza de quando tomou a vacina e não tem como acessar a sua carteira de vacinação deve ir ao posto de saúde. E isso não é válido apenas para crianças, inclui também adultos, até 50 anos — diz Luiz
Vacinação
A rotina prevista no Calendário Nacional de Vacinação prevê que todas as crianças do país tomem a primeira dose da tríplice viral aos 12 meses e a segunda aos 15 meses. Já quem têm entre um e 29 anos recomenda-se completar o esquema vacinal com a segunda dose da vacina.
Quem comprova as duas doses da vacina do sarampo, não precisa se vacinar novamente. Já quem não tomou nenhuma dose e tem entre 30 e 49 anos deve tomar apenas uma.
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A profilaxia (prevenção) do sarampo está disponível em apresentações diferentes. De acordo com o Ministério da Saúde todas previnem o sarampo e cabe ao profissional de saúde aplicar a vacina adequada para cada pessoa, de acordo com a idade ou situação epidemiológica, são elas:
Dupla viral – Protege do vírus do sarampo e da rubéola. Pode ser utilizada para o bloqueio vacinal em situação de surto;
Tríplice viral – Protege do vírus do sarampo, caxumba e rubéola;
Tetra viral – Protege do vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).