O percentual de trabalhadores sindicalizados vem caindo nos últimos anos em Santa Catarina, seguindo um padrão nacional. Entre 2012 e 2016, esse número diminuiu de 17,5% para 14,2% dos trabalhadores, o que representa 118 mil associados a menos num intervalo de quatro anos. Ainda assim, o Estado possui uma média de sindicalização maior que o resto do país, que era de 12,1% no ano passado. Os dados constam na PNAD Contínua, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira.
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Em 2012, o total de trabalhadores sindicalizados em Santa Catarina era de 811 mil. Quatro anos depois, esse número passou para 693 mil. Em nível nacional, a queda percentual foi menor que no Estado, passando de 13,6% para 12,1%. Em números absolutos, isso significa um milhão de sindicalizados a menos (de 17,9 milhões para 16,9 milhões).
Por outro lado, houve um crescimento considerável (10,4%) no número daqueles que trabalhavam por conta própria ou que eram empregadores no Estado. O salto foi de 90 mil pessoas, passando de 868 mil para 958 mil entre 2012 e 2016. Em todo o Brasil, esse aumento foi ainda maior (11,6%), passando de 24 milhões para 26,4 milhões.
A má notícia em relação a isso é que o nível de formalização dos autônomos, com cadastro no CNPJ, que ainda é muito baixo, embora venha crescendo. No Brasil, ele chegou a 28,9% no ano passado (contra 23,9% em 2012). Em Santa Catarina, o índice é um pouco maior, mais ainda assim não chega a metade: 42,7% (contra 34,7% quatro anos antes).
Para a presidente da Central Única dos Trabalhadores em Santa Catarina (CUT-SC), Anna Júlia Rodrigues, a queda pode ser explicada pelos anos de crise econômica, que resultaram em demissões em massa e no fechamento de grandes empresas do setor industrial, em especial no Norte Catarinense e no Vale do Itajaí. A dirigente da maior central sindical do Estado cita ainda os impactos na construção civil, com a redução do Programa Minha Casa Minha Vida, e a alta rotatividade no setor do comércio.
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Ela acredita, no entanto, na recuperação do movimento sindical e diz que há um movimento de reversão nas desfiliações na CUT. O motivo seria a reforma trabalhista, que, segundo ela, traz um “desmonte dos direitos trabalhistas”.
— Estamos fazendo todo um debate da reforma trabalhista , propondo um diálogo e, com isso, conseguindo reverter algumas desfiliações. Acredito que tudo isso vai fortalecer as centrais sindicais. Se hoje temos uma CLT, foi porque alguém lutou para isso — diz a sindicalista.
Leve queda no trabalho diurno
A pesquisa do IBGE também trouxe outros dados sobre o mercado de trabalho. Um deles aponta uma pequena queda no percentual de trabalhadores que atuam no período diurno. Em 2012, 94,4% trabalhavam principalmente em horário comercial, taxa que caiu para 92,8% quatro anos depois. Nacionalmente, esse indicador também registrou queda: de 93,3% para 92,4%.
No ano passado, 4,9 milhões de pessoas em Santa Catarina fazem ou já fizeram parte do mercado de trabalho, 300 mil a mais que em 2012. O total de trabalhadores ocupados, no entanto, ficou estável em 2,9 milhões de pessoas.
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