Munidos de garrafas de água mineral para tentar amenizar a sensação de ar abafado, que só aumentava com o sol forte das 15h batendo sobre o telhado de zinco do Terminal da Fonte, em Blumenau, homens e mulheres aguardavam de pé o pronunciamento do que, para eles, seria uma luz no fim do túnel. Ao lado das esposas, maridos e filhos, o aglomero de aproximadamente 1 mil pessoas, conforme o sindicato, chamava atenção de quem passava na Rua Amazonas.

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O atraso de quase uma hora para o início de mais uma assembleia,nesta segunda-feira, transformou a expectativa em impaciência. Relutantes em falar abertamente sobre a situação após o atraso dos salários, os cochichos dos até então colegas de serviço revelavam o medo de ficar sem emprego.

– O sindicato não vai se responsabilizar por nenhuma vírgula dessa situação – anunciou Ricardo Freitas, assessor do sindicato dos trabalhadores do transporte coletivo.

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O silêncio instalado após a fala de Freitas só foi quebrado pelo som dos chinelos de duas crianças que, também cansadas de esperar, ignoraram o suor que escorria pelo rosto e começaram a brincar de pega-pega por entre a multidão. A explicação do líder sindical veio depois de um longo discurso político.

Com as garrafinhas recém completadas com a água morna dos bebedouros instalados no terminal, os ainda funcionários das empresas Nossa Senhora da Glória, Rodovel e Verde Vale ouviram que o presidente do Sindetranscol, Ari Germer, e o assessor jurídico, Léo Bittencourt, tinham acabado de vir de uma conversa com “os futuros patrões”.

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– A nova empresa se chama Piracicabana e nós falamos que tudo bem deles virem para cá, mas que esses ônibus só circulam aqui se forem conduzidos e cobrados por vocês. Exigimos que a nossa convenção coletiva seja cumprida, porque aqui nós temos um sindicato atuante, e mais: dia 1º tem que ter pagamento – discursou Bittencourt.

Ovacionado, Bittencourt afirmou que, pelo que ele pôde sentir da conversa encerrada minutos antes, não é certo que todos os cobradores serão contratados pela Piracicabana, empresa que vai operar emergencialmente o transporte em Blumenau a partir da próxima segunda-feira.

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Entretanto, Freitas, que também participou da reunião, garantiu que o pagamento dos salários e vale-alimentação de fevereiro foram acatadas pela nova empresa, que deve operar o serviço na cidade até a próxima licitação seja concluída.