A proposta de reestruturação do transporte coletivo da Grande Florianópolis é avaliada com ceticismo pelo sindicato que representa os trabalhadores da categoria, o Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Urbano de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis (Sintraturb). A principal ressalva é sobre a mudança na concessão sem realizar antes obras de infraestrutura que possam melhorar o fluxo de veículos na região.

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O diretor de comunicação do Sintraturb, Dionísio Lindner, afirma que foi o único membro do sindicato esteve presente em todas as consultas populares e reuniões de apresentação. E, após conhecer o projeto, considera que o sistema deve continuar igual ou pode até piorar sem corredores exclusivos de transporte coletivo — previstos apenas a partir da segunda fase do projeto.

— Fora do horário de pico, o ônibus sai da estação de Palhoça e leva 17 minutos até chegar no Centro de Florianópolis. Se tiver um corredor exclusivo para ônibus, vai levar esse tempo. Sem um corredor exclusivo, vai continuar levando de duas horas a duas horas e meia nos horários de pico. E só vai resolver quando tiver as canaletas e a faixa exclusiva de ônibus, com estrutura pros ônibus andarem — explica Dionísio Lindner.

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Outro problema apontado pelo dirigente é que pela nova proposta o número de viagens pode aumentar, o que também pode fazer com que os passageiros passem mais tempo dentro do ônibus ou de terminais. Ele cita o exemplo de Santo Amaro da Imperatriz, em que há linhas que fazem longos trajetos, de até 100 km, para o interior do município. Se atualmente os passageiros utilizam apenas um ônibus, esse número pode subir para dois ou até três com a integração do sistema.

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— Hoje o trajeto de algumas linhas leva cerca de duas horas e meia. Não tem nada de infraestrutura e o pessoal vai ter que saltar em uma estação em Santo Amaro ou talvez até em um terminal em Palhoça. Ou seja, eles prometeram aumentar as linhas,mas vão jogar o pessoal lá na Beira-Rio (de Santo Amaro da Imperatriz) para pegar outro ônibus. E quem trabalha em Florianópolis vai ter que ficar um tempo lá esperando e talvez até perca a integração por causa da espera — afirma.

Lindner também tem receio de que a nova proposta de reestruturação do sistema deixe de fora uma parcela dos cobradores, como ocorreu na licitação de Florianópolis.

— Não vamos aceitar como foi em Florianópolis, em que 50% dos cobradores ficaram de fora (do projeto de concessão). Não é isso que vai resolver a qualidade do transporte, pelo contrário, já que deve piorar. Em Joinville não tem cobrador e a tarifa é maior que Florianópolis. O cobrador tem o custo mínimo pela quantidade de passageiros — finaliza o dirigente.

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