Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (31), o sindicato dos motoristas e cobradores de Blumenau (Sindetranscol) disse que a categoria não descarta novas paralisações nos próximos dias.
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Ao ser questionado da possibilidade de ocorrerem protestos além do ocorrido na madrugada desta quinta, o assessor do sindicato, Ricardo Freitas, disse que "sem dúvidas", mas afirmou que a população será avisada com pelo menos 12 horas de antecedência:
– Não foi possível avisar essa porque nós fomos pegos de surpresa também. Mas as próximas serão avisadas de quando acontecerão. Só que se não houver negociação amanhã, sábado, domingo, segunda, terça, nós não vamos aguardar calados que eles (a Blumob) imponham a dinâmica e o calendário que eles querem. A cidade e os trabalhadores precisam ser respeitados
A categoria alega que recebeu um e-mail na quarta-feira (30) à noite do representante jurídico da Blumob afirmando que a empresa não compareceria à negociação de quinta-feira. Freitas afirma que "o objetivo do sindicato não é paralisar, e sim garantir direitos e uma remuneração digna a uma categoria que carrega o povo nas costas".
– Qualquer mobilização que a gente faça, somos tratados como inimigos da cidade. Seja do comércio, seja da Oktober, disso, daquilo. E nós somos acusados de fazermos a cidade de refém, quando na verdade é o contrário – afirma o assessor do Sindetranscol.
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O que a categoria quer
A base na negociação do Sindetranscol envolve o pedido de reajuste de 5% no salário categoria, e 10% no tíquete alimentação. O restante, segundo Ricardo Freitas, são "cláusulas sociais" e outras situações não financeiras, como a mudança da data-base da categoria, que hoje é dia 1º de novembro, e a mudança na nomenclatura dos cobradores de ônibus para "agentes de bordo".
O que diz a empresa
A Blumob se manifestou por meio de nota na manhã desta quinta-feira. Confira:
Nesta quinta-feira, 31 de outubro, sem qualquer comunicação prévia, desrespeitando milhares de usuários e a legislação, o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo promoveu greve, paralisando integralmente o sistema de transporte coletivo de Blumenau desde as 3h. Toda a estrutura pronta para prestação dos serviços foi bloqueada nos terminais e garagem.
A convenção coletiva da categoria encontra-se plenamente respeitada e ainda em vigor. Reuniões foram realizadas nos últimos dias e a negociação salarial encontra-se em andamento, inclusive com propostas em mesa e tentativa de novas rodadas na próxima semana, sem qualquer necessidade de promover prejuízos à sociedade como ocorreu.
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O sindicato reivindica aumento real de 5%, além da reposição pela inflação, o que resultaria em quase 8% de reajuste salarial. Além disto, aumento de 10% no vale alimentação mensal (R$ 880,00), alteração da data base e mudança na nomenclatura dos cobradores. Solicita ainda revisão de dezenas de cláusulas da convenção coletiva.
Cientes de que todo o custeio da tarifa recai sobre o passageiro pagante e que só o reajuste salarial proposto impactaria a tarifa em aproximados 22 centavos, sem contar ainda demais pontos solicitados, evidente a necessidade de discussão do tema com responsabilidade e razoabilidade.
Nos últimos anos foram concedidos aumentos corrigidos pela inflação, além de avanços em benefícios. Os salários também tiveram reajuste real de 1% anualmente, conforme consta da convenção coletiva, ou seja, sempre com aumento real e em condições mais privilegiadas que a grande parte das categorias.
A proposta da empresa foi de renovar todos os termos da convenção coletiva, reajustando salários e benefícios pela inflação de 12 meses, aguardando índice do INPC de outubro, como é praxe. Proposta alternativa para avanço em outros pontos foi colocada em mesa e em ata, permitindo assim que pontos sejam negociados entre as partes.
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A empresa confia na via negocial, disposta a continuar discutindo os temas, sem prejuízos à cidade e aos funcionários. As medidas judiciais serão tomadas considerando a ilegalidade da greve.