Cinco meses atrás, Udo Döhler (PMDB) começava seu mandato na Prefeitura de Joinville confortável em relação ao apoio de vereadores. Dos 19 parlamentares, 17 estavam no seu grupo de sustentação. Mas nos últimos dois meses, o peemedebista viu a debandada de dois nomes para o outro lado. E a situação pode piorar. Descontentes por não terem indicado nomes para postos importantes do governo, outros quatro vereadores assumem que estão revendo suas posições.

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Se no começo do governo havia entendimento de que seria preciso fazer uma reforma administrativa, cortando estruturas como parte das secretarias regionais, agora a sensação por parte dos parlamentares é de abandono.

– Estou descontente por atitudes que estão acontecendo. Falta gratidão dele (Udo). Estou revendo minha posição – diz Levi Rioschi (PPS) que é o próximo que pensa em sair da base de apoio ao peemedebista.

As queixas de Levi são as de que Udo exonerou Herto Santana da presidência do Ittran sem lhe comunicar e não o consultou ao nomear o subprefeito da região Leste – sua base eleitoral.

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Apesar de não assumir-se como oposição – mas atuando como tal – Maycon César foi fritado pelos peemedebistas depois de tentar colocar em votação uma moção pedindo que o Estado exonerasse Dalmo Claro de Oliveira (PMDB) da Secretaria da Saúde. Depois, disse ser contra a proposta de cobrar em cartório dívidas com IPTU e agora quer convocar Udo para explicar na Câmara a proposta de 4% de reajuste aos servidores.

Por sua vez, Patrício Destro não teve a participação prometida e pouco a pouco foi rumando para a oposição.

– Não concordo com a maneira dele (Udo) trabalhar. Ele se preocupa mais em quem vai nomear do que com a administração a cidade. Sou oposição com todas as letras”, diz.

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PSDB pode ser o próximo a ir para a oposição

Maurício Peixer (PSDB) hoje atua como principal defensor do governo. Mais do que os parlamentares peemedebistas, o tucano é quem mais defende o governo dos ataques desferidos por Maycon César e Odir Nunes. Mas ele já reclama do pouco espaço do partido na Prefeitura. Atualmente, a sigla conta somente com Fábio Dalonso no comando da Secretaria da Habitação.

– Temos que ver o que é melhor para o partido. Não temos nada por enquanto. É difícil ficar em um governo em que os próprios vereadores não o defendem. Vamos sentar com o grupo e decidir se ficamos na base ou saímos. Não vai haver meio termo-, diz Peixer, que também é presidente do PSDB de Joinville.

A insatisfação dos tucanos surge, principalmente, a partir de dois fatos. O primeiro é que Fabio Dalonso estaria insatisfeito na Secretaria da Habitação por causa da falta de autonomia para indicar nomes para a pasta. O outro mal-estar foi criado devido ao vereador Roberto Bisoni. Bisoni, que em vários governos foi secretário regional do Comasa, queria ser subprefeito da região no governo Udo. Mas além de não ser considerado para o cargo, ele viu Dorval Pretti (PPS) indicar o nome para a região, sem lhe consultar.

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Sem nenhum aceno favorável de Udo, a situação cria um ponto de reflexão para os tucanos.

-Temos chance de não ficar por aqui. As coisas não estão indo como deveriam – fala Peixer

“Faz bem à democracia”

Questionado sobre o crescimento da oposição, o líder do governo na Câmara, Rodrigo Fachini, diz que já esperava dissidências.

– É natural haver dissonâncias, temos opiniões diferentes. É uma coisa salutar, que faz bem para a democracia – diz.

Fachini diz que o prefeito tem acompanhado a questão. O vereador ressalta que o governo continua tendo maioria folgada nas decisões da casa.

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Não perdemos o controle da Câmara. Estamos tranquilos – diz.