As altas temperaturas estão mudando a cara do inverno. Na metade da estação, já é possível perceber a floração de árvores que desabrochariam apenas no início da primavera, como é o caso dos ipês. Fora o impacto na vegetação, se o fenômeno se prolongar, tende a deixar marcas também na agricultura.
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O veranico das últimas semanas é causado por um bloqueio atmosférico que impede a entrada de frentes frias e de massas de ar polar na Região Sul. Neste ano a atuação do El Niño – fenômeno que ocorre devido ao aquecimento das águas do Pacífico – aumenta as temperaturas e a precipitação de chuva, que está prevista para voltar com força em setembro.
O calor fora de época também gera riscos à agropecuária, à agricultura e principalmente a culturas frutíferas e pastagens. Segundo o secretário-adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura, Airton Spies, o calor pode afetar a safra do trigo porque acelera o crescimento da planta causando o perfilhamento – que são espaços vazios nos ramos.
– As altas temperaturas para o inverno podem trazer dois problemas sérios, como a quebra de dormência das plantas e o aceleramento do seu metabolismo, fazendo com que a floração ocorra antes – explica o engenheiro agrônomo da Epagri/Ciram, Angelo Mendes Massignam.
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MAIS INSETOS NO PRÓXIMO VERÃO
Frutas como maçã e pêssego precisam de um número determinado de horas de frio para se desenvolver. Caso contrário, morrerão ou será necessário o uso de produtos químicos para finalizar o processo. E com a floração antecipada, a preocupação é com a chance de geada fora de época, pois pode queimar os brotos.
O calor também é vilão do controle populacional dos insetos, que normalmente têm o ciclo de repodução afetado durante o inverno.
– Sem o frio, não ocorre a morte dos insetos e, como consequência, a incidência no verão será maior – alerta Massignam.
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