O mal de Chagas é uma doença negligenciada. Existem apenas dois remédios para tratar o problema: ambos desenvolvidos há mais de 40 anos. Além disso, apenas recentemente surgiu uma versão pediátrica.
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– Até então tínhamos que quebrar o comprimido em partes muito pequenas para dar às crianças – diz Carolina Batista, diretora médica no Brasil da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Doenças, pacientes e populações neglicenciados é o tema de um simpósio internacional a ser realizado em Nova Iorque nesta quinta e sexta-feira, com transmissão ao vivo pela internet no endereço http://msf.org.br/vidas-em-jogo.
– Embora tenha havido grandes avanços no combate às crises médicas mundiais, como a Aids, a malária e a desnutrição, houve também uma surpreendente carência em termos de inovação na luta contra doenças como a tuberculose resistente a medicamentos, a doença de Chagas e outras doenças negligenciadas que afetam tremendamente muitas pessoas – afirma Unni Karunakara, presidente internacional da MSF.
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O objetivo do simpósio, batizado de Vidas em Jogo: Disponibilizando inovações médicas para pacientes e populações negligenciados, é analisar os progressos e falhas de uma década de iniciativas internacionais de saúde destinadas às populações mais pobres do mundo.
Dez anos atrás, pesquisadores mostraram que, entre 1975 e 1999, foram desenvolvidos apenas 1,1% de novos fármacos e medicamentos voltados para doenças tropicais negligenciadas e tuberculose, apesar de essas doenças responderem por 12% do total global de doenças.
Os resultados de uma nova análise realizada entre os anos 2000 e 2011 serão apresentados a partir desta quinta. O relatório pretende mostrar todos os novos medicamentos e vacinas aprovados para as doenças negligenciadas nos últimos 10 anos, bem como uma avaliação de potenciais novos tratamentos atualmente em desenvolvimento.
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– Ainda existe um desequilíbrio fatal entre pesquisa e desenvolvimento de medicamentos e as necessidades globais de saúde. Precisamos de uma forma sustentável de responder a esse desequilíbrio – diz o médico Bernard Pecoul, diretor-executivo da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), entidade de pesquisa independente, sem fins lucrativos e uma das organizadoras do simpósio.
A conferência reunirá uma ampla gama de pesquisadores, médicos, especialistas em saúde global, formuladores de políticas, especialistas em biotecnologia e farmácia, doadores, ativistas, defensores de pacientes, jornalistas e editores da área biomédica, bem como representantes de países endêmicos (como Brasil, Índia, Nigéria, África do Sul, Uzbequistão e Venezuela), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial.