Quando a previsão do tempo aponta temporais, o mercado estima baixas nas vendas ou o agronegócio prevê perda das safras, cabe a uma cadeia de engenheiros, técnicos e produtores calcular as melhores maneiras de preparar o terreno e garantir o estoque para evitar prejuízos. Imagine se isso pudesse ser feito sem a intervenção humana e apenas com base em um gigantesco banco de dados global.

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Tida como a próxima grande revolução industrial, a inteligência e a digitalização dos processos foram temas do 2º Simpósio Internacional de Excelência em Produção: A Produção Inteligente, que aconteceu em maio, na UniSociesc, em Joinville.

O encontro, que promoveu a cooperação técnica e tecnológica entre o Brasil e a Alemanha e teve a presença de palestrantes nacionais e internacionais, discutiu os avanços na tecnologia e a busca por soluções para produzir mais e de forma eficiente e qualitativa com o menor custo possível.

– Para produzir mais e com qualidade, as empresas precisam estar conectadas às tendências para, assim, desfrutar dessas tecnologias e não ser “engolidas” por elas – diz Markus Grosse Böckmann, gerente alemão do Instituto Fraunhofer e um dos mediadores do encontro.

Para Böckmann, a produção e seus processos estão vivenciando a “era inteligente“, em que o mundo real e a realidade virtual continuam a se fundir com modernas tecnologias da informação e da comunicação e são combinadas com processos industriais tradicionais, alterando várias áreas de produção.

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A Indústria 4.0 está em cena e é preciso um planejamento eficaz para conseguirmos passar por esse processo sem traumas – avalia Böckmann.

De olho no desenvolvimento eficaz dessa temática aqui no Brasil, a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI), que tem o compromisso de incentivar a transferência tecnológica entre os dois países, além de trazer o tema no simpósio, deu início à Iniciativa Indústria 4.0, que tem como objetivo reunir as principais empresas do País para o desenvolvimento do assunto.

A manufatura informatizada

A Indústria 4.0 é um projeto no âmbito da estratégia de alta tecnologia que promove a informatização da manufatura. O objetivo é chegar à fábrica inteligente – smart manufacturing -, que se caracteriza pela capacidade de adaptação, a eficiência dos recursos e a integração de clientes e parceiros em processos de negócios e de valor.

Jefferson Stela, diretor de big data da T-Systems do Brasil, explica que muitas das técnicas e tecnologias necessárias à implementação da Indústria 4.0 já existem atualmente, como o rádio e sensores e módulos GPS usados em diversos outros campos, que podem facilmente passar por reformulações para chegar ao chão de fábrica.

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O evento fez parte de uma maratona tecnológica e aconteceu em diferentes Estados, como São Paulo, Santa Catarina e Paraná.

Em Joinville, o encontro seguiu um roteiro com abertura de Christian Dihlmann, vice-presidente da VDI-Brasil e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (Abinfer), e de Carlos Emílio Borsa, pró-reitor acadêmico da UniSociesc. Markus Grosse Böckmann, gerente do Instituto Fraunhofer, palestrou sobre o tema Inovação na Indústria 4.0: aumento de produtividade no controle de produção e garantia de qualidade. Stela falou sobre gestão de dados e Fabio Elias, diretor de vendas da Siemens Industry Software, discursou com o tema Manufacturing execution system (sistema e execução de manufatura).