Pouco restava das quatro personagens retratadas no longa-metragem “Cidades Fantasmas”, de Tyrell Spencer, produzido em parceria com a GloboNews e vencedor do É Tudo Verdade, principal festival de documentários da América Latina.
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Humberstone, no Chile; Armero, na Colômbia; Fordlândia, no Brasil; e Epecuém, na Argentina, são ruínas de centros urbanos abandonados que sobrevivem à destruição para contar suas histórias e inspirar reflexões.
A vocação econômica foi a razão do surgimento de Humberstone — centro de mineração de nitrato de potássio a partir de 1862 — e de Fordlândia — criada no Pará em 1928 pelo empresário Henry Ford para ser um polo de extração de látex durante o ciclo da borracha. E foi, também, a causa do desaparecimento de ambas, quando os produtos perderam valor como mercadorias. O nitrato de potássio impulsionado pela Grande Depressão e o látex, substituído pela borracha sintética.
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Armero, cidade produtora de arroz, algodão e café, e Epecuém, cidade turística situada à beira de um lago com salinidade dez vezes superior à do mar, foram dizimadas por tragédias naturais. Respectivamente, a erupção do estratovulcão Nevado del Ruiz, em Tolina, na Colômbia, e a submersão por mais de duas décadas após uma forte tormenta seguida de invernos chuvosos, na Argentina.
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À primeira vista, cidades-fantasmas podem parecer realidades distantes de nós. Mas, em pequena escala, também estão presentes na localidade que habitamos. Temos pelo menos 50 unidades abandonadas em Joinville, muitas em regiões nobres, segundo levantamento da PM. Com certeza, o leitor já cruzou com algumas destas construções. Às vezes, me deparo com uma que fica na Ministro Calógeras, inconclusa, com meia dúzia de colunas gregas na fachada. Outra é a velha sede do Fórum, na esquina da Dona Francisca com a Princesa Isabel, abandonada desde 1996, quando o Fórum foi transferido para a Beira-rio.
Tanto as cidades, quanto os prédios restam para nos lembrar de fatores como a soberania da natureza e da economia e a inconstância do ser humano; para nos mostrar que as prioridades mudam com o tempo, fazendo com que o importante de hoje possa se tornar o dispensável de amanhã.