Desde que nos conhecemos por gente, aprendemos que o progresso é sinônimo de avanço, de movimento para a frente. Algo que (pelo menos até agora) sempre associamos ao que se espera do futuro.

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Eis que uma notícia coloca este conceito de cabeça para baixo. Depois do crescimento vertiginoso no mercado de smartphones, com aparelhos cada vez mais inteligentes e completos, a novidade que mais vem ganhando mercado nos Estados Unidos é o dumb phone. Um aparelho simples, com a vantagem (?!) de não oferecer acesso à internet, jogos, câmera para capturar fotos e vídeos e um sem-número de funções adicionais, além da atividade original que lhe deu origem: fazer e receber ligações telefônicas.

Pesquisas indicam que, enquanto a venda de smartphones se estabilizou no mercado americano, a comercialização dos dumb phones — cuja bateria tem duração de incríveis três dias — cresceu 7% de 2014 a 2016. Estes aparelhos têm conquistado pessoas comuns e celebridades, como a cantora Rihanna e a atriz Scarlett Johansson, que têm necessidade, em alguns momentos, de dar um tempo na sua conexão com o mundo.

Será que em alguns campos do conhecimento ultrapassamos o limite dos avanços compatíveis com os valores e princípios daquilo que nos faz humanos? Será que a sabedoria (aquele dom que nos permite discernir qual é o melhor caminho a seguir) está em dar um passo atrás, abrindo mão de uma parte das possibilidades que o progresso e a tecnologia têm condições de nos proporcionar?

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Pois é. Talvez tenhamos chegado ao estágio de desenvolvimento em que descobrimos que a vida não é uma infinita prova de obstáculos, na qual, vencido um, começa a corrida desenfreada pelo próximo, sempre maior e mais complexo.

Talvez tenhamos alcançado a sabedoria do regresso, segundo a qual menos funções no telefone móvel significam mais sossego; menos conexão, com tudo e todos, garante mais qualidade de vida; com menos atividades realizadas, aproveitamos mais e melhor o tempo; colecionando menos desejos e posses, ampliamos o significado daquilo que nos cerca.