Jornalista faz paralelo entre a exposição “Distância Interior”, de Pedro Holderbaum, e a necessidade que temos de contar com um momento de pausaA pergunta que deu origem a uma exposição; a reflexão resultante de uma ausência; e a resposta de uma psicóloga a uma jovem paciente. Colhidos aqui e ali ao longo da semana, estes insights, dispersos no espaço, mas conectados na essência, refletem a angústia com o espírito do tempo em que estamos inseridos.– A carga de informação que cada um recebe dentro de suas fatias de interesse é automaticamente lançada sobre seus ombros, tornando cada vez mais imperativo o recebimento da continuidade das novidades específicas. Será que todos estão sabendo lidar com isso? – questiona o artista visual Pedro Holderbaum.As imagens de pessoas alheias ao ritmo da sociedade ocidental compõem a exposição “Distância Interior”, de Holderbaum, e mostram que uma parcela da humanidade está, sim, alijada do mundo tecnológico. Estas mesmas imagens, no entanto, também podem ser vistas sob outra óptica, pela saudosa reflexão do jornalista José Francisco Botelho, que destaca a importância da quase extinta reclusão: ¿Em uma época obcecada pela tirania da extroversão, os verdadeiros rebeldes são os eremitas.¿ E precisamos deles.Estas figuras que não se adaptam à superexposição, ao barulho insano e à dispersão devem servir de modelo à jovem que procura a psicóloga em busca de alternativas para lidar com o desconforto provocado pela velocidade da vida moderna.Quem, nos dias de hoje, tem à disposição o luxo da introspecção é digno de admiração, respeito e de uma espécie de inveja branca. Como todas as coisas que nos cercam mudam muito rápido e não têm qualquer perspectiva de diminuir a velocidade, a imagem destes eremitas (à primeira vista, apenas desconectados) pode nos inspirar a cultivar alguns espasmos de sossego. Seja na calada da noite, no raiar do dia, num intervalo entre um turno e outro de labuta ou nos feriados agendados para esta semana e para os próximos meses.Não apenas a jovem, mas todos nós precisamos destes momentos de arrebatamento para nos reconectarmos com aquele indivíduo que pulsa enquanto corremos aloprados.

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