Pergunta inevitável para quem retorna de um prolongado período de descanso: você aproveitou as suas férias? A resposta depende muito das expectativas do interlocutor. Se ele entende que aproveitar significa viajar muito, conhecer lugares diferentes ou ter acesso a experiências incríveis, minha sucessão de respostas negativas será uma completa frustração. O que não significa (para os que decidiram continuar esta leitura) que meu ócio foi em vão.

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Abandonei a rotina de consultar as horas e me esqueci da existência do calendário, encontrando dificuldades para me situar nos dias da semana. E não é que a ausência de agenda quase zerou o nível de estresse? Tornei-me fã da previsão do tempo, pois sol e chuva teriam uma interferência direta no programa das horas seguintes. Mas não dei muita importância aos comentários de Maju & companhia: confiei mais na minha intuição diante da aparência das nuvens e do avanço da temperatura. Além de descobrir que meu grau de acerto é ligeiramente superior ao dos especialistas, vi mais sol do que nos 11 meses anteriores, o que deve ter reduzido minha insuficiência crônica de vitamina D.

Dediquei menos atenção aos telejornais noturnos e tive a sensação de que a política e a economia do País pioraram menos (pensando bem, neste quesito devem ter influenciado mais as férias do Congresso, do STF e dos analistas econômicos).

Compreendi a relevância das palavras cruzadas nos espaços de variedades nos jornais. Além de terapia ocupacional para leitores experientes, também serve como gancho factual para a pauta das conversas.

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Passei a ocupar um espaço considerável de minha mente com a alimentação, não só pela disponibilidade para a gula, mas também pelas responsabilidades fora do comum. Terminada uma refeição, era necessário definir, providenciar os ingredientes e preparar a próxima. Envolvida com isso, valorizei a disposição dos antigos caçadores-coletores, para quem este tipo de preocupação exigia um esforço maior do que arrastar os chinelos até o mercado da esquina.

Acima de tudo, reforcei meu apreço pelo conforto do lar. Depois de sonambular duas dezenas de noites em camas diferentes, com algum tipo de senão para as delicadas especificidades de minha coluna, minha espinha dorsal sentiu-se abençoada em retornar para a saudosa rotina dos demais dias do ano.